Quando a reforma da Previdência começou a ser discutida, logo após o presidente Jair Bolsonaro entregar a proposta ao Congresso, o UCHO.INFO afirmou que a economia ao longo de dez anos, caso o projeto fosse aprovado, seria de no máximo R$ 700 bilhões.
Apesar de o número ser considerável, a equipe comandada pelo ministro Paulo Guedes, da Economia, apostava em economia de R$ 1,2 trilhão. O próprio Guedes chegou a afirmar que se a economia decorrente da nova Previdência fosse menor do que o previsto o sistema de capitalização não seria adotado.
Além disso, o ministro declarou recentemente que se a reforma se transformasse em uma “reforminha” ele deixaria o cargo, como se esse tipo de afirmação fosse capaz de mudar o rumo da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) que trata da matéria. Que Paulo Guedes é um neófito em política todos sabem, mas apelações desse naipe confirmam o perfil populista de um governo que não aceita ser contrariado, até cair na vala da realidade.
Com o avanço do tempo, a proposta de reforma passou a sofrer desidratações pontuais, o que levou à redução da economia projetada para uma década. Foi no apagar das luzes da Comissão Especial da Câmara dos Deputados que o relator do projeto, deputado federal Samuel Moreira (PSDB-SP), conseguiu ressuscitar valor próximo ao almejado pelo governo: R$ 987 bilhões em uma década.
Entre a votação na Comissão Especial e as discussões em plenário, a proposta recebeu dezenas de destaques ao texto-base, o que reduziu a economia para R$ 744 bilhões, segundo cálculos da Instituição Fiscal Independente (IFI) do Senado Federal calculou nesta quarta-feira (10) uma economia de R$ 744 bilhões com a reforma da Previdência em 10 anos.
De acordo com Paulo Guedes, esse número não permite a implantação do sistema de aposentadoria por capitalização. Sendo assim, é preciso saber quando uma nova reforma da Previdência será necessária, pois o sistema o atual – de repartição – já se mostrou ineficiente ao longo do tempo. Além disso, o governo ainda não explicou como fará a transição de um modelo para o outro, caso o de capitalização for implementado.
Por outro lado, não custa perguntar ao ministro da Economia se ele de fato renunciará ao cargo ou se suas pretéritas palavras nada mais eram do que uma falsa ameaça para pressionar o Congresso. No caso de prevalecer a hipótese, Guedes demonstra mais uma vez que não nasceu para fazer política. Resta saber se veio ao mundo para ser economista. Isso só o tempo dirá!