Ministro da Educação, Abraham Weintraub insiste em demonstrar que não está à altura do cargo, que, é bom lembrar, jamais foi alvo de tantas polêmicas como agora. Weintraub, que reza pela cartilha radical do presidente Jair Bolsonaro, não se incomoda em protagonizar espetáculos pífios, principalmente quando recorre a veia humorística que não tem ou quando é cobrado pela opinião pública por atos como ministro.
De férias com a família no Pará, mesmo sem ter direito a esse período de ócio remunerado, afinal está no cargo há apenas quatro meses, Abraham Weintraub acabou se indispondo com ativistas na cidade paraense de Alter do Chão.
O ministro foi abordado por ativistas do Engajamundo, rede de jovens organizados pelo Brasil, que entregaram a ele uma kafta, iguaria da culinária árabe que Weintraub mencionou ao citar, em depoimento no Congresso, o celebrado escritor Franz Kafka.
Um cartaz exibido pelo grupo fazia referência também a outras polêmicas envolvendo o ministro, como, por exemplo, o anúncio de corte de verbas de três universidades por “balbúrdia” e a tentativa de explicar com chocolates o contingenciamento estendido a todas as entidades federais de ensino superior.
Irritado com a manifestação, Abraham Weintraub tomou o microfone de músicos que se apresentavam no local e disse que estava de férias com a família. Na sequência, seguindo a cartilha ideológica de Bolsonaro, o ministro disparou críticas contra o PT, Lula e até mesmo Ernesto “Che” Guevara.
Não demorou muito para que as vaias tomassem conta da cena, o que atraiu à polemica muito mais manifestantes. Alguns passaram a discutir com o ministro e sua esposa, que deixou a mesa em que se encontrava para defender, aos gritos, o marido. Foi a partir desse momento que a confusão ganhou corpo, deixando os ânimos exaltados.
Antes de deixar a praça de Alter do Chão, Weintraub pegou a filha caçula no colo e continuou discutindo com os manifestantes, algo que só serviu para piorar o que já era ruim. Visivelmente descontrolado, o ministro passou a gritar “aqui ó, corajoso”, enquanto apontava para a filha que estava em seus braços.
Um indígena que participou do protesto não se conteve e respondeu que também tem filhos. Weintraub rebateu o indígena afirmando “não é porque você está com um cocar que você é mais brasileiro do que eu, seu babaca”.
O ministro da Educação foi convencido pela família deixar o local, o que aconteceu de baixo de vaia e gritos de “fazendo balbúrdia” e “fascista”.
Para quem foi escolhido pelo presidente da República para comandar a Educação, Weintraub é a pessoa menos indicada para decidir os destinos da mais importante pasta do governo e por onde passam todas as soluções para os problemas nacionais. Além disso, apesar do direito à privacidade, Weintraub deveria dar exemplo de comportamento e educação.
No âmbito administrativo, Abraham Weintraub não tinha direito a férias por conta do pouco tempo em que está no governo Bolsonaro. De acordo com o que determina a legislação vigente, o ministro deveria ter requerido licença não remunerada, a exemplo do que fizeram outros integrantes do primeiro escalão do governo.
De tal modo, cabe a Weintraub, a partir de agora, devolver aos cofres públicos valor corresponde aos dias não trabalhados, já que o Ministério da Educação defende austeridade nas contas das universidades federais e vem anunciando cortes no orçamento.