Ex-ministro do Exterior britânico e ex-prefeito de Londres, o controverso Boris Johnson foi eleito nesta terça-feira (23) como sucessor da premiê Theresa May na liderança do Partido Conservador e, consequentemente, será o novo chefe de governo do país.
Johnson superou o atual ministro do Exterior, Jeremy Hunt, ao final de uma votação realizada nas últimas quatro semanas, entre quase 160 mil afiliados da legenda. Johnson recebeu 66% dos votos.
Durante a campanha, Johnson prometeu obter sucesso nos pontos em que May falhou e levar o Reino Unido para fora da União Europeia em 31 de outubro, com ou sem acordo.
“Hoje, neste momento crucial da nossa história, temos de reconciliar novamente dois nobres conjuntos de instintos – entre o profundo desejo de amizade, de livre comércio, de apoio mútuo e segurança e defesa entre a Reino Unido e os nossos parceiros europeus; e o desejo simultâneo, igualmente sincero, de um governo democrático autônomo neste país”, disse Boris Johnson após ser eleito.
Vários ministros conservadores do gabinete de Theresa May anunciaram preferir a renúncia a colaborar com um governo que vise um chamado Brexit duro, resultado que, de acordo com economistas, pode levar ao colapso o comércio do Reino Unido e mergulhá-lo numa recessão. Entre eles, o ministro da Economia, Philip Hammond, e o chefe da pasta da Justiça, David Gauke.
May renunciou em 7 de junho deste ano, após o Parlamento britânico rejeitar repetidamente o acordo de retirada da União Europeia (UE) que ela acertou com o bloco europeu. Johnson insiste que conseguirá levar a UE à renegociação do pacto do Brexit – algo que o bloco insiste que não fará –, caso contrário, ele diz estar disposto a retirar os britânicos da UE “aconteça o que acontecer”.
O novo primeiro-ministro presidirá uma Câmara dos Comuns na qual a maioria dos membros se opõe a deixar a UE sem acordo. Além disso, no Parlamento o Partido Conservador não detém maioria absoluta, o que dificulta as votações, exceto se Johnson costurar uma aliança partidária.
A troca oficial de primeiros-ministros está prevista para quarta-feira (24), quando Theresa May irá ao Palácio de Buckingham comunicar formalmente sua demissão à rainha Elizabeth II e informar que seu partido tem um novo líder.
Em seguida, o novo premiê irá ao palácio para uma audiência com a chefe de Estado, antes de se mudar para a residência oficial de Downing Street e dar início à nomeação dos ministros do novo governo.
O jornal francês Libération afirma, em editorial publicado na segunda-feira (22), que Boris Johnson é, depois dos presidentes do Brasil, Jair Bolsonaro, e dos Estados Unidos, Donald Trump, o terceiro “doido do cenário internacional” a “assumir os destinos de um velho e grande país”. (Com agências internacionais)