Bolsonaro apela à estultice e diz que não há quebra de decoro em declaração sobre Santa Cruz

Presidente da República, Jair Bolsonaro não aceita o contraditório e por conta disso pode levar o próprio governo a permanecer em cenário de preocupante pasmaceira, com direito a incursões que contam com a pirotecnia oficial, assim como fizeram os antecessores.

Nesta quarta (31), ainda tentando escapar dos efeitos colaterais decorrentes do desnecessário e torpe ataque a Felipe Santa Cruz, presidente nacional da OAB, Bolsonaro disse que não houve quebra do decoro em sua declaração sobre a morte e o desparecimento do pai do líder dos advogados brasileiros. “Não tem quebra de decoro, quem age dessa maneira perdeu o argumento. A história tem dois lados e não pode valer um lado só”, disse o presidente da República.

Bolsonaro já reconheceu publicamente sua ignorância em diversos assuntos, algo que sua trajetória como parlamentar demonstra sem deixar dúvidas. Se há no País alguém órfão de argumentos, esse é o chefe do Executivo federal, que sempre recorrer à insana verborragia para estocar adversários ideológicos e fazer a alegria da patuleia que o adula diuturnamente.

Quando alguém do naipe de Bolsonaro alega que os adversários não têm argumentos para fazer frente aos seus destampatórios, é porque ou o Brasil chegou ao fundo do poço político ou encontra-se em perigosa caminhada rumo à ditadura.

A estratégia do presidente da República é temerosa, pois aposta-se no esticamento da corda ao limite para, em algum momento, promover um cavalo de pau na democracia. Algo que o UCHO.INFO vem ressaltando há muito tempo.


Não contente com o estrago provocado, Bolsonaro repetiu que “não tem verdade nenhuma” nas revelações da Comissão da Verdade, criada pela então presidente Dilma Rousseff para apurar crimes cometidos durante a ditadura militar. “Alguém acredita que o PT está preocupado com a verdade? Quando falaram em ‘comissão da verdade’ todo mundo riu do nome”, disse o presidente.

Jair Bolsonaro continua em cima do palanque, insuflando a parcela descontrolada do eleitorado e fermentando o discurso de ódio que só faz mal ao País. Não obstante, as estapafúrdias declarações de Bolsonaro servem apenas para atrapalhar os projetos de um governo pífio e desacreditado, que só encontra guarida na ala mais radical da sociedade, que, mesmo assim, começa a perceber o equívoco que brotou das urnas eleitorais.

O presidente, como cidadão, tem o direito ao livre pensamento, assim como o de expressá-lo a qualquer momento, mas como chefe da nação deveria ter um mínimo de bom senso e reconhecer que é desprovido de competência para ocupar de tamanha relevância. A continuar assim, Bolsonaro acabará como alvo de um processo de impeachment, o que já deveria ter ocorrido dada a quantidade de sandices vociferadas desde que chegou ao Palácio do Planalto.

A Lei nº 1.979, de 10 de abril de 1950, é clara a estabelecer em seu artigo 9º, inciso 7, que é crime de responsabilidade “proceder de modo incompatível com a dignidade, a honra e o decoro do cargo”. E o comportamento de Bolsonaro, enquanto presidente da República, não deixa dúvida a respeito.