Lava-Jato: operação da PF apura pagamento de propina pelo Grupo Petrópolis, que dava suporte à Odebrecht

A Polícia Federal (PF) deflagrou nesta quarta-feira (31) a Operação Rock City, 62ª fase da Operação Lava-Jato, na esteira de investigações sobre pagamento de propinas pelo Grupo Petrópolis. De acordo com os investigadores, o grupo também teria auxiliado a empreiteira Odebrecht a pagar valores ilícitos, por meio da troca de reais no Brasil por dólares em contas bancárias no exterior.

A 13ª Vara Federal de Curitiba, no Paraná, responsável pelas ações penais decorrentes da Lava-Jato, expediu um mandado de prisão preventiva, cinco mandados de prisão temporária e 33 mandados de busca e apreensão. Os mandados estão sendo cumpridos em 15 municípios nos estados de São Paulo, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Rio de Janeiro e Minas Gerais. Também foi determinado o bloqueio de ativos financeiros dos investigados.

O presidente do Grupo Petrópolis, Walter Faria, é o alvo do mandado de prisão preventiva. Três executivos ligados ao grupo já haviam sido presos temporariamente até o final da manhã desta quarta-feira. Todos serão levados para a Superintendência da Polícia Federal no Paraná, onde serão interrogados.

De acordo com a PF, Faria já era investigado no âmbito da Lava-Jato por conta do seu envolvimento com o ex-governador do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral Filho, mas recentes movimentações de recursos de determina companhia offshore indicariam tentativa de dissipação de patrimônio adquirido de maneira ilícita. Isso motivou o pedido de prisão e a deflagração da operação policial.

No total, Walter Faria e outros executivos do Grupo Petrópolis teriam atuado na lavagem de cerca de R$ 329 milhões em contas bancárias fora do Brasil e movimentado US$ 106 milhões em operações no exterior, segundo o Ministério Público Federal.


Um dos executivos da Odebrecht, em acordo de colaboração premiada, afirmou ter recorrido ao Grupo Petrópolis para realizar doações de campanha eleitoral para políticos de outubro de 2008 a junho de 2014, resultando em dívida não contabilizada pela empreiteira com o grupo investigado, no valor de R$ 120 milhões. Em contrapartida, a Odebrecht investia em negócios do grupo.

A suspeita da força-tarefa da Lava-Jato é que as offshores relacionadas à empreiteira realizavam – no exterior – transferências de valores para offshores do Grupo Petrópolis, que por sua vez disponibilizava dinheiro em espécie no Brasil para a realização de doações eleitorais.

Também foi apurado que Walter Faria utilizou o programa de repatriação de recursos do exterior de 2017 para trazer R$ 1,3 bilhão ao Brasil. Contudo, de segundo a PF, há indícios de que essa movimentação tenha sido irregular e que os recursos seriam provenientes da prática de “caixa dois” na empresa.

Para a PF, o esquema desenvolvido com o Grupo Petrópolis é uma das engrenagens do aparato montado pela Odebrecht para movimentar valores ilícitos.

O Grupo Petrópolis é dono de marcas de cerveja como Itaipava, Crystal e Petra, além de vodkas e outras bebidas não alcoólicas. Em nota, a empresa informou que “seus executivos já prestaram anteriormente todos os esclarecimentos sobre o assunto aos órgãos competentes” e que “sempre esteve e continua à disposição das autoridades para o esclarecimento dos fatos”. (Com ABr)