Beira a irresponsabilidade a declaração do presidente Jair Bolsonaro sobre os governadores do Nordeste, região do País que foi alvo de declarações preconceituosas do chefe do Executivo. Não contente com os estragos produzidos pelo fato de ter chamado os nordestinos de “paraíbas”, Bolsonaro insiste em limpar a lambança da maneira errada, como se o assunto precisasse de recrudescimento.
Sem ter como cumprir as polêmicas e radicais promessas de campanha, algo que não encontra espaço na realidade, o presidente disse, nesta terça-feira (6), que “a maioria dos nove governadores do Nordeste quer começar a implementar a divisão do Nordeste contra o resto do Brasil”. Somente um governante altamente irresponsável é capaz de fazer afirmação tão estapafúrdia.
Agarrado à revanche ideológica, Bolsonaro não abre mão de manter o seu jeito estúpido de ser, teimosia que remete rapidamente a um cenário de início de totalitarismo. “Paciência. Já sabiam que eu era assim. A gente procura se polir um pouco mais, mas acontece”, disse o presidente da República.
Sobre a afirmação do UCHO.INFO de que o atual inquilino do Palácio do Planalto aposta na fermentação do discurso de ódio, Bolsonaro disse em entrevista que cumprirá as promessas de campanha, todas radicais e inviáveis, sem qualquer conexão com o espírito democrático.
“Não há diferença do que eu pensava na campanha e do que eu penso agora. Eu quero implementar o que eu falei em campanha. Pela primeira vez na história do Brasil um presidente está buscando honrar aquilo que prometeu durante a campanha”, afirmou o presidente.
A covardia comportamental de Bolsonaro é tamanha, que ele culpou o PT por essa aludida tentativa dos governadores do Nordeste de defender a divisão do País.
Quando este portal afirmou, ao longo da campanha, de que Bolsonaro é um incompetente conhecido e desprovido de estofo para ocupar cargo de tamanha relevância, a horda formada por seus aduladores não se conformava e partia para o ataque sórdido e rasteiro, a exemplo do que continua a fazer.
Para quem passou 28 anos no Parlamento na condição de deputado federal – o que não é pouco tempo –, Bolsonaro, que deveria ter raso conhecimento sobre governança, exala uma ignorância política assustadora.
É preciso que os brasileiros de bem reajam prontamente a mais essa estultice de Bolsonaro, pois não se pode comandar uma nação tendo o revanchismo ideológico como ponto de partida. Até porque, quem aposta na divisão do País desde a corrida presidencial é o próprio presidente.