Em vez de usar críticas de Alexandre Frota como ponto de reflexão, PSL decide expulsar deputado

O Partido Social Liberal (PSL) vem demonstrando, com espantosa e preocupante insistência, que liberalismo não é o forte da legenda. Na manhã desta terça-feira (13), o partido decidiu expulsar dos seus quadros o deputado federal Alexandre Frota (PSL-SP), que nos últimos tempos passou a criticar o governo Bolsonaro e o próprio presidente da República.

Um dos motivos das críticas de Frota é o veto do Palácio do Planalto a indicações do parlamentar para cargos na Agência Nacional de Cinema (Ancine) e a perda de poder do diretório municipal de Cotia, cidade da Grande São Paulo.

A executiva nacional do PSL justificou a saída de Frota com a alegação de demonstração “infidelidade” ao atacar o governo e colegas de bancada nos últimos meses. O parlamentar foi duramente criticado pelos agora ex-colegas de legenda, em especial pelo fato de se abster na votação do 2º turno da reforma Previdência, ato considerado “traição” ao partido. A proposta de expulsão de Frota foi aprovada por 370 votos a favor, 124 contra e uma abstenção, a do próprio deputado.

“Não concordamos com os argumentos dele”, afirmou Luciano Bivar, presidente nacional do PSL, justificando a decisão de seu partido em expulsá-lo. Vale destacar que Bivar é um dos subservientes a Bolsonaro que atuam na Câmara dos Deputados.


Alexandre Frota entrou em rota de colisão dentro do partido ao afirmar que o presidente da República é sua “maior decepção” e que a indicação de Eduardo Bolsonaro para a embaixada brasileira em Washington representa a “velha política”.

Goste-se ou não de Frota, é preciso reconhecer que seu discurso, nos casos em questão, é coerente e deveria servir de ponto de reflexão para o PSL e o próprio Bolsonaro, que cada vez mais exala sua essência autoritarista, sempre embalada pela ignorância e pelo populismo barato.

A continuar nesse ritmo, emoldurado pelo radicalismo e pela intolerância, o PSL tende a desidratar, levando Jair Bolsonaro a uma situação semelhante à que enfrenta o presidente da Argentina, Mauricio Macri, que, segundo analistas políticos, será derrotado em outubro próximo na sua tentativa de reeleição.

Após a confirmação da expulsão, Alexandre Frota recebeu convites para se filiar a diversos partidos, entre eles Democratas, PSDB, Podemos, PSC e outros.