Em nova demonstração de despreparo diplomático, Eduardo Bolsonaro chama Macron de “moleque”

Escolhido pelo pai, o presidente da República, para assumir o comando da Embaixada brasileira em Washington, o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) insiste em demonstrar sua pouca intimidade com a diplomacia, mesmo que alegue estar estudando para enfrentar a sabatina no Senado Federal.

Néscio em termos diplomáticos, Eduardo, que de chofre justificou sua indicação ao cargo com a alegação de que “fritou hambúrguer no frio do Maine”, Eduardo não esconde que é digno integrante do clã político que defende o “bate e arrebenta”, uma das bandeiras da extrema direita nacional.

Nesta terça-feira (27), em sessão da Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional da Câmara dos Deputados, Eduardo Bolsonaro tomou as dores do pai e voltou a atacar o presidente da França, Emmanuel Macron, no rastro da polemica envolvendo as queimadas na Amazônia. O filho de Jair Bolsonaro referiu-se a Macron como “moleque”.

“Quando um presidente tem baixa popularidade, o que ele faz? Tenta atrair um tema para unir seus nacionais. Não é à toa que ele (Macron) fez isso, ele quer fazer da nossa Amazônia uma questão política”, disse Eduardo na Comissão de Relações Exteriores.

Na sequência, o parlamentar do PSL afirmou que assinará moção de repúdio ao presidente Emmanuel Macron. “Quero crer que governo e oposição estarão juntos aprovando esse repúdio a esse moleque presidente francês”, disse o filho de Jair Bolsonaro.

Não contente com o destempero discursivo, que não cabe na retórica de quem pleiteia cargo de embaixador, Eduardo Bolsonaro foi além e afirmou que o termo “molecagem ficou barato”, alegando que Macron faz uso de fake news para ter “ganhos políticos”.


“Nós temos queimadas, ninguém está virando a cara para isso. Agora, querer fazer fake news e exagerar isso para ter ganhos políticos, aí eu acho que o termo ‘molecagem’ ficou até barato”, disse o deputado.

É sabido que, como reza a sabedoria popular, “o fruto não cai longe da árvore”, mas fazer eco aos destampatórios do presidente da República é uma clara demonstração de irresponsabilidade e falta de preparo para cargo de tamanha importância.

Se Eduardo Bolsonaro insiste em existir à imagem e semelhança do pai, ou seja, enfrentando a tudo e a todos com truculência, que o faça por conta própria e sem comprometer a imagem do Brasil no exterior.

Para agradar a súcia de apoiadores, a família Bolsonaro recorre de forma abusiva ao nacionalismo burro e ao patriotismo histérico, como se isso solucionasse os muitos problemas nacionais. Diplomacia nos tempos modernos exige, como mencionado em matéria anterior, espírito de cooperação, não de enfrentamento contínuo. Cada governo e seus integrantes têm por obrigação a defesa dos interesses do país, desde que com responsabilidade e parcimônia.

Considerando que 72,7% dos brasileiros são contra a indicação de Eduardo Bolsonaro para a Embaixada em Washington, segundo pesquisa CNT/MDA, esse comportamento tosco e típico de relações públicas de bataclã em nada ajuda o filho do presidente da República no desafio que tem pela frente (sabatina no Senado).

A família Bolsonaro, do presidente aos filhos, não aceita o contraditório e reage com virulência e descontrole a críticas e cobranças, acreditando que à base da intimidação conseguirá impor suas vontades. O Brasil ainda é uma democracia, mas é preciso que a população permaneça vigilante para que a investida totalitarista de Bolsonaro não avance.