O ataque rasteiro do presidente Jair Bolsonaro à primeira-dama da França, Brigitte Macron, deflagrou uma enxurrada de ações nas redes sociais, a maioria por parte de brasileiros que se desculparam pela deselegância e cafajestice do mandatário verde-louro.
Apedeuta em termos de relações internacionais, Bolsonaro age em todas as situações com doses excessivas de bílis, levando à seara das questões de Estado a sua reticente falta de decoro. Além disso, o presidente brasileiro precisa ser avisado que questões que envolvem o governo e a própria nação devem ser tratadas e dirimidas sob o manto da impessoalidade.
Incomodado com o fracasso do plano que visava isolar o presidente francês, Emmanuel Macron, em termos políticos, Bolsonaro preferiu atacar Brigitte, respondendo de maneira torpe a comentário de um seguidor nas redes sociais.
Sem paciência para responder aos questionamentos da imprensa, o presidente brasileiro sempre recorre, quando em situação de dificuldade, ao encerramento repentino de entrevistas, o que piora ainda mais a situação.
Sem coragem e humildade suficientes para admitir que errou ao criticar grosseiramente a primeira-dama francesa, Jair Bolsonaro se limitou a negar o ataque, alegando que apenas sugeriu ao internauta que moderasse nas insinuações. O caso saiu do controle do Palácio do Planalto e ultrapassou as fronteiras do País, quase provocando um incidente diplomático. O entrevero em questão teve como pavio as críticas de Macro à política ambiental brasileira e à tragédia que se abate sobre a Amazônia.
Tão desqualificado quanto covarde, Bolsonaro apagou o comentário na rede social, na esperança de que o ato em si colocaria um ponto final no imbróglio internacional. Como o assunto fermentou além do esperado, o presidente decidiu responder aos questionamentos dos jornalistas através do porta-voz do Palácio do Planalto.
O general Otávio Rêgo Barros, porta-voz da Presidência, afirmou na noite de quarta-feira (28) que o comentário ofensivo de Bolsonaro à esposa do presidente francês foi apagado “para evitar dupla interpretação”.
“A fim de evitar dupla interpretação, o comentário foi retirado da rede social. Foi para evitar qualquer outra interpretação”, disse Rêgo Barros, que já não consegue esconder o constrangimento de apresentar desculpas para as estultices do chefe do Executivo federal.
Quem conhece Jair Bolsonaro não acreditou nessa esparrela de “dupla interpretação”, já que a trajetória política do presidente sempre foi emoldurada por destampatórios e polêmicas das mais diversas. Na verdade, os assessores palacianos se desesperam cada vez que o presidente aparece diante de câmeras e microfones, pois sabem que na sequência terão de acionar a usina oficial de desculpas.
Em suma, se cafajestice provoca náuseas, covardia gera repulsa. Mesmo assim, alguns incautos insistem a afirmar que Jair Bolsonaro é o melhor presidente da história brasileira. Para quem chega ao êxtase pegando carona na estupidez, Bolsonaro é o que se pode chamar de “prato cheio”.