Indígena brasileiro Davi Kopenawa divide Nobel Alternativo com a sueca Greta Thunberg

O indígena Davi Kopenawa está entre quatro ativistas internacionais ganhadores do Right Livelihood Award de 2019, também conhecido como o “Prêmio Nobel Alternativo”. O brasileiro é homenageado juntamente com a ambientalista sueca Greta Thunberg, ícone da luta contra as mudanças climáticas; a ativista marroquina Aminatou Haidar; e a advogada chinesa Guo Jianmei.

A Fundação Right Livelihood anunciou nesta quarta-feira (25), em Estocolmo, que Kopenawa recebe o prêmio “pela corajosa determinação dele em proteger as florestas e a biodiversidade da Amazônia, e as terras e a cultura de seus povos indígenas”, juntamente com a Hutukara Associação Yanomami, entidade fundada e presidida por ele em Roraima.

A fundação Right Livelihood afirma que as florestas tropicais da Amazônia estão sob a ameaça da exploração ilegal de madeira e incêndios florestais, assim como das políticas incentivadas pelo governo do presidente Jair Bolsonaro.

Kopenawa disse que o prêmio chega em momento oportuno: “Demonstra confiança em mim e na Hutukara, e em todos aqueles que defendem a floresta e o planeta Terra. O prêmio me dá a força para continuar a luta para defender a alma da Floresta Amazônica”, destacou.

Ele e seu filho Dário Vitório Kopenawa Yanomami são ameaçados de morte desde que voltaram a denunciar o garimpo ilegal nas terras indígenas da tribo Yanomami. No fim de julho, os nativos denunciaram que as invasões dispararam no primeiro semestre deste ano: até 20 mil garimpeiros estariam no território indígena em busca de ouro, desmatando a floresta e contaminando o solo e a água da região com mercúrio.


“Visionários práticos”

A adolescente Greta Thunberg recebe a homenagem “por inspirar e amplificar demandas políticas por ação climática urgente refletindo fatos científicos”.

“Thunberg é uma voz poderosa de uma geração jovem que terá de suportar as consequências do fracasso político atual em se deter as mudanças climáticas”, observou o diretor da Fundação Right Livelihood, Ole von Uexküll.

Aminatou Haidar é a primeira laureada do Saara Ocidental, disputado território reivindicado pelo Marrocos desde 1975. Há mais de 30 anos Haidar faz campanha pacífica pela independência da região. O júri citou “sua iniciativa firme e não violenta, apesar de prisão e tortura, em busca da justiça e da autodeterminação para o povo do Saara Ocidental”.

Guo Jianmei, advogada chinesa, recebe o prêmio por “seu pioneirismo e trabalho persistente para garantir os direitos das mulheres na China”. Ela ajudou milhares de mulheres e outros desfavorecidos a terem acesso à justiça em seu país.

Os quatro vencedores receberão, cada um, 1 milhão de coroas suecas (cerca de R$ 430 mil). Eles têm em comum a luta desenvolvida pela justiça, autodeterminação e um futuro melhor: “Honramos quatro visionários práticos cujos esforços permitem que milhões defendam seus direitos fundamentais e lutem por um futuro habitável neste planeta”, afirmou o júri internacional que escolheu os vencedores.

Criado há 40 anos, o Prêmio Nobel Alternativo já foi entregue a 174 indivíduos e entidades de 70 países. (Com Deutsche Welle e agências internacionais)