O governador do Rio de Janeiro, Wilson Witzel, disse, no domingo (29), que recorrer à Organização das Nações Unidas (ONU) para solicitar sanções contra Colômbia, Paraguai e Bolívia. Segundo Witzel, os mencionados países vendem armas a grupos criminosos e provocam um “genocídio” no Rio.
“Estamos com todas as ações para retirar as armas, trabalhando agora junto às Nações Unidas para levar realmente a causa do genocídio do Rio de Janeiro, que não é do governador”, declarou Witzel a jornalistas durante o “Rock in Rio”.
De acordo com o governador fluminense, o próprio Conselho de Segurança da ONU “pode tomar essa decisão: retaliar Paraguai, Bolívia e Colômbia no que diz respeito às armas em si. Ou seja, países que vendem armas para esses países têm que ser proibidos de fazê-lo, sob pena de continuar esse massacre, essa situação sangrenta que nós vivemos hoje na cidade do Rio de Janeiro. E fechar a fronteira.”
O governador informou que formalizará em breve o pedido ante as Nações Unidas. “Já pedi que nós entremos em contato agora nesta semana com o Conselho de Segurança da ONU, para que eu possa expor o que está acontecendo no Rio de Janeiro e pedir providências junto a esses países.”
Witzel foi alvo de fortes críticas na última semana por causa da ação policial em 20 de setembro que provocou a morte de Ágatha Sales Félix, de 8 anos. A menina foi alvejada com um tiro de fuzil quando voltava para casa com a mãe dentro de uma kombi. O caso gerou comoção no Brasil e chamou atenção da imprensa internacional.
Apesar das críticas de movimentos sociais ao que chamam de “cultura de extermínio”, o governador reafirmou sua política de segurança pública e extinguiu na semana passada uma medida que buscava incentivar a redução da violência policial.
O decreto altera uma lei de 2009 que oferece compensações financeiras a policiais como prêmio pela redução de diferentes estatísticas criminais, excluindo da medida a norma que incentivava policiais a se esforçarem para reduzir o número de civis mortos em operações policiais.
Como consequência, quartéis da polícia poderão receber os incentivos salariais se reduzirem indicadores criminais como número de homicídios ou de roubos, mesmo se aumentar o número de civis mortos em operações policiais em suas áreas de atuação.
Mais mortes em ações policiais
As taxas de letalidade entre civis em operações policiais vêm crescendo nos últimos cinco anos, até bater o recorde de 1.249 entre janeiro e agosto de 2018, com um aumento de 16% frente ao índice registrado no mesmo período do ano passado, que já era histórico (1.075), segundo estatísticas do próprio governo.
Os dados foram divulgados um dia após o sequestro de um ônibus com 39 passageiros na Ponte Rio-Niterói, que terminou com a execução do sequestrador, de 20 anos, por um atirador de elite da Polícia Militar. O governador Wilson Witzel chegou ao local de helicóptero, celebrando o desfecho do sequestro aos pulos e dando socos no ar.
“Não quero celebrar a morte de ninguém, muito pelo contrário, nós queremos celebrar a vida, e exatamente para que a vida seja celebrada é que nós vamos ter que agir de forma muito rigorosa contra o tráfico de armas e drogas no nosso estado e no Brasil”, ressaltou Witzel neste domingo.
Como todo populista contumaz, Wilson Witzel mais uma vez perdeu a chance de ficar em silêncio, mas preferiu recorrer à insanidade discursiva para defender seu indefensável governo. Quando um político não consegue cumprir as promessas de campanha, como é o caso de Witzel, terceirizar a responsabilidade pelo fiasco é a saída que resta.
O governador do Rio de Janeiro deveria cobrar o Palácio do Planalto pela falta de vigilância nas fronteiras nacionais, mas não o faz porque prefere evitar confronto antecipado com o presidente Jair Bolsonaro, já que ambos está de olho na eleição presidencial de 2022. Enfim…