Em conversa com estudantes na manhã desta segunda-feira (30), na saída do Palácio da Alvorada, o presidente Jair Bolsonaro voltou a destilar o revanchismo ideológico que embala sua existência e marca um governo que até o momento não mostrou a que veio.
Bolsonaro, ao dirigir a palavra aos estudantes, que pediram ao presidente que mandasse um abraço a determinada professora, sugeriu que a profissional da educação lesse o livro “A Verdade Sufocada – A história que a esquerda não quer que o Brasil conheça”, do torturador Carlos Alberto Brilhante Ustra, coronel reformado do Exército morto em 2015. Antes da tosca e colérica resposta, o presidente foi informado pelos alunos que a tal professora é petista.
“Fala pra ela ler o livro “A verdade sufocada” aí. Só ler. Depois ela tira as conclusões. Lá são fatos, não é blá blá blá de esquerdista não”, comentou o sempre debochado e revanchista Bolsonaro.
Ustra, que comandou o DOI-CODI (Destacamento de Operações de Informações) em São Paulo, no auge da repressão promovida pela ditadura militar, foi condenado em segunda instância por tortura durante a ditadura militar.
Após conversar durante alguns minutos com um grupo de apoiadores que o aguardava à porta do palácio presidencial, Bolsonaro, antes de retornar ao carro, mais uma vez atacou a imprensa ao informar aos jornalistas que estavam no local que não concederia entrevista, a exemplo do que vinha fazendo nos últimos meses.
Para justificar a decisão de não conceder entrevista, o presidente alegou que seria suas declarações seriam deturpadas. Na verdade, Bolsonaro deixou de conceder entrevistas à saída do Palácio da Alvorada por recomendação da assessoria palaciana, em especial do setor de comunicação da Presidência, que via nas declarações um ponto de partida para situações de dificuldades.
“Imprensa, gosto muito de vocês, mas tudo é deturpado. Quando vocês fizerem uma matéria real do que aconteceu lá na ONU, eu dou entrevista para vocês, tá ok? Um abraço aí”, disse o presidente.
O chefe do Executivo federal fez um discurso pífio e irresponsável na 74ª Assembleia-Geral da Organização das Nações Unidas (ONU), em Nova York, mas quer que a mídia classifique seu palavrório como manifestação genial.
Despreparado e movido pela incompetência, como ele próprio já admitiu, Bolsonaro é uma figura tosca que, como se fosse a versão mambembe e tropical de Aladim, continua acreditando ser a derradeira solução para os problemas do País, sem até agora ter apresentado qualquer iniciativa oficial em prol do Brasil e dos brasileiros. Se derrotar a esquerda nas urnas é um feito extraordinário, como afirmam os bolsonaristas, que o presidente explique rapidamente a paralisia do governo.