Ao deixar o PSL, Bolsonaro tem como saída político-eleitoral a “compra” de um partido nanico e de aluguel

Agindo como verdadeiro czar do radicalismo direitista tupiniquim, o presidente Jair Bolsonaro, que não conseguiu tomar de assalto o PSL e controlar a dinheirama a que o partido tem direito (fundo partidário e fundo eleitoral), anunciou sua desfiliação, ainda não confirmada oficialmente, e a criação de nova legenda. Batizado previa e oficiosamente de Aliança Pelo Brasil, o novo partido abrigará parte da bancada do PSL na Câmara dos Deputados e ao menos um senador – Flávio Bolsonaro, que já deixou a legenda.

Criar um partido no Brasil não é tarefa fácil, pois entre as exigências feitas pela Justiça Eleitoral está a coleta de assinaturas apoiadores em pelo menos nove estados da federação. Com base nos resultados das eleições para a Câmara dos Deputados, Bolsonaro terá de conseguir aproximadamente 490 mil assinaturas para dar andamento ao processo de criação da nova legenda.

Considerando que o processo de checagem das assinaturas por parte do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) é complexo e demorado, pois exige a confirmação de que nenhum apoiador esteja filiado a outro partido e a verificação da autenticidade de cada assinatura, a oficialização definitiva da legenda poderá não acontecer dentro do prazo almejado por Jair Bolsonaro e seus seguidores.

O plano inicial do presidente da República é ter o partido regularizado até abril do próximo ano para lançar candidatos às eleições municipais. Bolsonaro espera repetir em 2020 o movimento que o levou ao Palácio do Planalto na eleição de 2018.Se isso de fato será possível, em termos de apoio, ainda é prematuro afirmar, mas não se pode negar que o presidente corre contra o tempo.


Com 32 partidos políticos, sendo muitos legenda de aluguel, a possibilidade de a criação do Aliança ser barrada no TSE não pode ser desconsiderada. O ministro Marco Aurélio Mello, do Supremo Tribunal Federal (STF) e que já integrou a Corte Eleitoral, disse, na terça-feira (12), que o País tem “partidos em demasia” e insinuou que a aprovação da nova legenda é temerária.

“Resta saber se vai haver aprovação (pelo TSE). Eu, quando estive na atuação no TSE, na aprovação dos últimos partidos eu votei pela desaprovação. Eu creio que o Brasil já tem partidos em demasia”, declarou o ministro Marco Aurélio.

Nos bastidores do TSE há uma quase certeza sobre a impossibilidade de criação de novos partidos nos próximos seis meses. A se confirmar essa previsão, Bolsonaro teria seus planos político-eleitorais frustrados, principalmente no tocante às eleições municipais de 2020. É importante ressaltar que a aprovação popular em níveis baixos, o presidente precisará da capilarização política viabilizada pelos municípios para manter o projeto de reeleição em 2002. E isso só é possível com a eleição do maior número possível de prefeitos.

Diante desse cenário de incertezas, a Bolsonaro e seus quejandos resta a alternativa de “comprar” um dos muitos partidos de aluguel existentes no País, os quais servem como viabilizadores de polpudos salários para seus “donos”.

Alguém há de afirmar que essa solução é absurda, mas quem conhece os escaninhos da política brasileira sabe como se dá esse tipo de negociação, que, de chofre, exige muito dinheiro sobre a mesa. Tomando por base a simpatia de alguns empresários por Bolsonaro e a dinheirama dispendida para impulsionar fake news ao longo da corrida presidencial de 2018, recursos não faltarão para essa eventual investida.