“Quem não é suficientemente gentil não é suficientemente humano”. Mesmo sem ter conhecido Jair Bolsonaro, o ensaísta francês Joseph Joubert (1754-1824) parece ter previsto, com quase dois séculos de antecedência, a personalidade conturbada do presidente brasileiro.
Nesta sexta-feira (20), ao ser questionado por jornalistas sobre os escândalos das “rachadinhas”, que teve lugar no outrora gabinete de Flávio Bolsonaro na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro, o presidente da República reagiu de maneira agressiva.
Perguntado se teria comprovante do empréstimo de R$ 40 mil que disse ter feito a Fabrício Queiroz, Bolsonaro, visivelmente irritado, respondeu a um repórter do jornal “O Globo”: “Oh rapaz, pergunta para a tua mãe o comprovante que ela deu para o teu pai, tá certo?”
Em seguida, o presidente dirigiu-se a outro profissional da imprensa, sem amainar o tom colérico do discurso.
“Você tem a nota fiscal desse relógio no teu braço? Não tem. Você tem nota fiscal do teu sapato? Você tem do teu carro, o documento. Tudo para o outro lado tem que ter nota fiscal e comprovante. Eu conheço o Queiroz desde 1985, nunca tive problema. Pescava comigo, andava comigo no Rio de Janeiro. Tinha que ter segurança comigo, andava com meu filho. Se ele fez besteira, responda pelos atos dele”, concluiu Jair Bolsonaro.
A entrevista de Bolsonaro, à saída do Palácio da Alvorada, foi marcada por hostilidades e ataques verbais aos jornalistas, tanto por parte do presidente quanto por parte apoiadores.
O mesmo jornalista perguntou na sequência sobre o avanço das investigações sobre o escândalo envolvendo Flávio Bolsonaro e Fabrício Queiroz. De forma agressiva e descontrolada, revelando o que realmente pensa e defende nos bastidores, Bolsonaro respondeu: “Você tem uma cara de homossexual terrível, nem por isso eu te acuso de ser homossexual. Se bem que não é crime ser homossexual”.
Faz-se necessário salientar que Bolsonaro pode ser processado criminalmente por homofobia, pois o Supremo Tribunal Federal (STF) decidiu enquadrar tal prática delituosa nas leis de crimes de racismo, até que o Congresso Nacional aprove legislação sobre o tema.
Não é novidade a postura homofóbica de Jair Bolsonaro, mesmo que por interesses políticos-eleitorais o presidente negue ser contra os gays. Em 2011, o então deputado federal Jair Bolsonaro não fez força para esconder sua essência homofóbica e disparou: “Seria incapaz de amar um filho homossexual. Não vou dar uma de hipócrita aqui. Prefiro que um filho meu morra num acidente do que apareça com um bigodudo por aí.”
Ou seja, além de homofóbico outrora declarado, agora enrustido, Bolsonaro sofre de delinquência intelectual.