O Pentágono confirmou, na quinta-feira (3), que um soldado da Força Aérea dos Estados Unidos matou o general iraniano Qasem Soleimani, chefe da Guarda Revolucionária do Irã e um dos homens mais poderosos do país.
O bombardeio ocorreu no Aeroporto Internacional de Bagdá e matou, além de Soleimani, Abu Mahdi al-Muhandis, chefe das Forças de Mobilização Popular do Iraque, milícia apoiada pelo Irã, e pelo menos mais cinco pessoas. Um porta-voz da milícia iraquiana culpou também Israel pelas mortes. Até agora, o governo de Israel não se pronunciou.
O ministro das Relações Exteriores do Irã, Javad Zarif, afirmou também em uma rede social que a morte de Soleimani é um “ato de terrorismo” dos EUA “extremamente perigoso e uma escalada tola”.
“Esta ação teve como objetivo impedir futuros planos de ataque iranianos”, afirmou o Pentágono em comunicado. “Por ordem do presidente, os militares dos Estados Unidos tomaram medidas defensivas decisivas para proteger os americanos que estão no exterior, matando Qasem Soleimani”, conclui a nota.
Outros detalhes sobre a operação ainda não foram informados. Após a nota do Pentágono, a Guarda Revolucionária do Irã foi a público para confirmar a morte de Soleimani. O anúncio foi feito em uma rede de televisão estatal.
Logo após o comunicado, o presidente americano Donald Trump postou em seu perfil oficial no Twitter uma imagem da bandeira dos Estados Unidos, sem qualquer texto.
Essa ação certamente terá desdobramentos tão catastróficos quanto imprevisíveis, pois o governo de Teerã não aceitará de forma passiva essa investida da Casa Branca. De tal modo, o planeta deve se preparar para dias turbulentos.
Reação a caminho
Minutos após a postagem de Trump, Mohsen Rezaei, um ex-comandante da Guarda Revolucionária do Irã, prometeu vingar o ataque. “O General Qasem Soleimani, nosso mártir, se juntou aos seus outros irmãos mártires. Mas nós ainda iremos ter uma vingança vigorosa contra a América”. Rezaei ocupa atualmente o cargo de secretário em importante órgão do governo iraniano.
O bombardeio e as mortes ocorrem em meio a uma escalada de tensão que pode transformar o Iraque em campo de batalha entre forças apoiadas por Estados Unidos e Irã no Oriente Médio.
Desde o fim de outubro, militares e diplomatas norte-americanos foram alvo de ataques, e na semana passada um funcionário dos EUA morreu em um bombardeio com foguetes.
A crise subiu de patamar na última terça-feira (31), quando milicianos iraquianos invadiram a embaixada dos EUA em Bagdá. Trump acusou o Irã de estar por trás da ação e prometeu retaliação.
A invasão da embaixada foi uma resposta a um ataque americano na fronteira com a Síria que matou 25 combatentes das Forças de Mobilização Popular do Iraque no domingo (29).
Uma hora após a divulgação da morte do general Qasem Soleimani, os preços do petróleo no mercado internacional já tinham aumentado 4%. O barril do petróleo do tipo brent era vendido a US$ 68,90. Isso porque o Irã tem condições geográficas e militares de bloquear o Estreito de Ormuz, por onde passa boa parte da produção de petróleo da região.
A importância de Soleimani
Qasem Soleimani, 62 anos, era uma das principais lideranças militares iranianas e considerado herói nacional. Ele chefiava a Guarda Revolucionária, força paramilitar de elite que responde diretamente ao aiatolá Ali Khamenei, líder supremo do país há 30 anos.
A Guarda Revolucionária do Irã é uma espécie de exército paralelo que surgiu após a Revolução Islâmica de 1979, quando o governo passou a ser supervisionado pelo clero.
Em abril de 2019, os Estados Unidos classificaram a Guarda Revolucionária do Irã como organização terrorista. Foi a primeira vez que Washington rotulou formalmente uma unidade militar de outro país como terrorista.