O primeiro ano do governo de Jair Bolsonaro mostrou o que há muito o UCHO.INFO insiste em afirmar: o capitão reformado do Exército não tem competência nem estofo para estar presidente da República. Além disso, Bolsonaro, a exemplo do que sempre noticiamos, não escreve, sentado, o que fala, em pé, e vice-versa.
Ainda em cima do palanque eleitoral, Jair Bolsonaro não abre mão de governar para a ensandecida parcela do eleitorado que o apoia, por isso adota discurso toscos e absurdos como, por exemplo, a defesa dos valores da família, como se ele próprio tivesse agido dessa maneira ao longo da vida. Aliás, quem afirma ter usado o apartamento funcional da Câmara dos Deputados para “comer gente” não pode adotar discurso em defesa da família.
A situação de Jair Bolsonaro tornou-se difícil por ocasião de sua recente viagem à base naval de Aratu, na Bahia, onde passaria a virada do ano. O presidente embarcou sem a primeira-dama, alegando que Michelle Bolsonaro faria uma cirurgia nos dias subsequentes. O retorno do presidente à capital dos brasileiros estava programado para o próximo domingo, 5 de janeiro, mas acabou antecipado em razão da péssima repercussão que sua decisão teve nas redes sociais, principalmente.
É de se compreender essa reação dos internautas, pois beira o inaceitável que um ferrenho (sic) defensor da família viaje sem a esposa para festejar o revéillon. Alguém há de afirmar que o cargo de presidente da República é desgastante e que Bolsonaro carece de descanso, mas é preciso manter um mínimo de coerência para não tropeçar nas próprias palavras.
Com a divulgação da informação de que a cirurgia de Michelle Bolsonaro só aconteceria após as comemorações do Ano Novo e que o procedimento era meramente estético, o presidente foi aconselhado por assessores a retornar a Brasília, onde passou o revéillon em família, no Palácio da Alvorada, sem direito a comentários sobre o caso.
Na quinta-feira (2), a primeira-dama foi submetida a uma cirurgia para substituição de próteses de silicone e correções no músculo do abdome. Essa informação mostra que Michelle Bolsonaro poderia ter viajado com o presidente para a base de Aratu, mas só não o fez por algum motivo que ainda não é público.
Divulgada pela assessoria da Presidência da República, a agenda de quinta-feira (2) de Jair Bolsonaro não trazia compromissos oficiais, ou seja, o presidente tinha o dia livre, mas ele deixou o Palácio da Alvorada somente às 19h55 para visitar a primeira-dama no hospital. Para um defensor da família, esse comportamento é no mínimo estranho.
“Ela está bem, acordou bem-humorada, não com muita dor pelo o que senti ali”, disse Bolsonaro, na noite de quinta-feira, ao falar com os jornalistas, ao lado do cirurgião Régis Ramos, responsável pelos procedimentos realizados no Hospital DF Star., em Brasília.
A questão não é interferir na forma como um casal vive, mas de questionar a postura da principal autoridade do País, que pretende impor o conservadorismo à população, como se o Brasil não fosse uma democracia. Ademais, ingerir nos costumes da população apenas para agradar aos próprios eleitores deveria começar no Palácio da Alvorada.