Com a escalada das tensões com os EUA, Teerã anuncia que enriquecimento de urânio será ilimitado

Em comunicado divulgado neste domingo (5), o governo do Irã informou que o trabalho de enriquecimento de urânio no país não mais respeitará o acordo nuclear de 2015, que limitava o nível de enriquecimento a 3,6%. A nota informa também que a atividade nuclear iraniana deixa de ter restrições.

O anúncio foi feito reunião de emergência do Conselho de Segurança Nacional do Irã, convocada para discutir a política nuclear do país após o assassinato do general Qasem Soleimani, chefe da Força Quds, tropa de elite da Guarda Revolucionária iraniana, morto na última quinta-feira (2) em um ataque aéreo americano em Bagdá, por determinação do presidente Donald Trump.

Em contrapartida, o governo de Teerã afirmou na nota que retornaria ao acordo nuclear se as sanções impostas pelos Estados Unidos contra o país fossem removidas e os interesses do Irã fossem garantidos.

Além de destravar o limite de enriquecimento de urânio, o governo do Irã declarou que a partir de agora será irrestrita a quantidade armazenada do produto enriquecido. Teerã também destacou no comunicado que as pesquisas para o desenvolvimento das atividades nucleares serão igualmente irrestritas. Esse novo cenário coloca o Oriente Médio na iminência de um conflito sem qualquer previsibilidade.

Até o momento, o urânio enriquecido pelo Irã serve para alimentar reatores, mas, a depender da destinação, pode ser o ponto de partida para a fabricação de armas nucleares. O acordo limita o enriquecimento de urânio pelo Irã a 3,67%.

Acordo rompido

O acordo nuclear com o Irã foi firmado em julho de 2015, após 20 meses de intensas e arrastadas negociações entre o governo de Teerã e o grupo G5+1 (França, Reino Unido, Alemanha, China, Rússia e Estados Unidos). À época, o presidente dos EUA era Barack Obama. Porém, em maio de 2018, Donald Trump retirou-se unilateralmente do acordo, como forma de abrir caminho para os interesses comerciais e geopolíticos norte-americanos na região.

Em entrevista concedida em julho de 2019, Behruz Kamalvandi, porta-voz da Organização da Energia Atômica do Irã, afirmou que o país estava “totalmente preparado para enriquecer urânio a qualquer nível e com qualquer quantidade”. Na época, o processo de enriquecimento superou a taxa fixada em 3,67% e alcançou os 5%. (Com agências internacionais)