A Alemanha decidiu reduzir seu contingente militar no Iraque, informou o Ministério da Defesa alemão nesta terça-feira (7). O movimento ocorre em meio às tensões causadas pela morte do general Qasem Soleimani, principal comandante militar iraniano durante ataque aéreo em Bagdá.
Cerca de 30 dos 120 soldados alemães que estão estacionados no Iraque serão transferidos para a Jordânia e o Kuwait. A retirada deve começar em breve. Os militares em questão atuam em Bagdá e em Taji. Os outros cerca de 90 militares estão no norte do país árabe, na região controlada pelos curdos.
A decisão da Alemanha foi anunciada após o Parlamento iraquiano aprovar, no último domingo (5), uma resolução pedindo ao governo local o fim das atividades de tropas estrangeiras no país. A medida teve como alvo principal a presença de militares americanos no país e foi uma resposta ao ataque que matou Soleimani. O assassinato provocou indignação entre xiitas do Iraque alinhados com o Irã.
“Claro que respeitaremos toda decisão soberana do governo iraquiano. Estamos prontos para continuar com nosso apoio testado e comprovado num âmbito coordenado internacionalmente, desde que o Iraque assim deseje e que a situação o permita”, disseram os ministérios da Defesa e do Exterior da Alemanha, em nota.
Os militares alemães estacionados em Bagdá e em Taji atuam sobretudo em treinamentos das forças de segurança iraquianas para combater o grupo terrorista “Estado Islâmico” (EI). A Alemanha enviou pouco mais de 400 militares ao Oriente Médio para integrar uma coalizão internacional contra o EI, liderada pelos Estados Unidos.
O ministro do Exterior alemão, Heiko Maas, afirmou na segunda-feira (6) que o pré-requisito para a presença militar da Alemanha no Iraque seria um convite do governo e Parlamento iraquianos.
“Se esse não for mais o caso, então, falta uma base legal para estarmos lá. Temos que esclarecer isso com os responsáveis em Bagdá o mais rápido possível”, disse em entrevista à emissora de televisão alemã ZDF.
Maas também demonstrou preocupação com o ressurgimento do “Estado Islâmico” com a retirada de tropas estrangeiras do Iraque. “Ninguém realmente quer isso”, acrescentou.
Em nota, a chanceler alemã, Angela Merkel, o presidente francês, Emmanuel Macron, e o primeiro-ministro britânico, Boris Johnson, pediram às autoridades iraquianas que continuem apoiando a aliança liderada pelos EUA no combate à milícia jihadista e frisaram que a luta contra o EI “continua sendo uma alta prioridade”.
Soleimani, figura-chave da crescente influência iraniana no Oriente Médio, morreu na última sexta-feira (3) durante ataque bombardeio dos Estados Unidos em Bagdá, juntamente com Abu Mehdi al-Muhandis, o “número dois” da coligação de grupos paramilitares pró-iranianos no Iraque, conhecida como Mobilização Popular [Hachd al-Chaabi].
A morte de Qasem Soleimani aumentou as tensões entre Teerã e Washington. Enquanto o Iraque ordenou a retirada das tropas estrangeiras do país, o Irã prometeu vingança e anunciou que deixará de respeitar os limites impostos pelo acordo nuclear assinado em 2015, já enfraquecido desde que os EUA se retiraram unilateralmente do pacto, em maio de 2018. (Com agências internacionais)