O vice-presidente da República, Hamilton Mourão, inaugura nesta quarta-feira (15) as novas instalações da Estação Comandante Ferraz, base de pesquisa do Brasil na Antártida. Prevista para terça-feira (14), a cerimônia de inauguração precisou ser adiada por conta das condições climáticas que impediram a chegada de Mourão e outras autoridades ao local. A reinauguração está prevista para ocorrer às 17 horas (horário de Brasília), às 9 horas de quinta-feira (16), no horário da Antártida.
O novo prédio, na ilha Rei George, na Baía do Almirantado, foi erguido ao lado da base atual, que tem estrutura provisória. Criada em 1984, a Estação Comandante Ferraz sofreu um incêndio de grandes proporções em 2012, provocado durante a transferência de óleo combustível na área de máquinas. Na ocasião, dois militares morreram e 70% das instalações foram perdidas.
O governo federal investiu cerca de US$ 100 milhões na obra, sendo que a nova estação recebeu equipamentos com tecnologia de ponta. No local, pesquisadores realizarão estudos nas áreas de biologia, oceanografia, glaciologia, meteorologia e antropologia.
O Brasil faz parte de um seleto grupo de 29 países que têm estações científicas na Antártida. Essa presença é muito importante, pois, de acordo com o Tratado Antártico, apenas países que desenvolvem pesquisas na região poderão definir o futuro do continente gelado.
Justiça Militar
Em maio de 2016, o Superior Tribunal Militar (STM) condenou um suboficial da Marinha a dois anos de detenção pelo incêndio na Estação Comandante Ferraz. Na ocasião da tragédia, o Brasil desenvolvia cerca de 20 projetos de pesquisa científica, incluindo observação atmosférica, monitoramento ambiental de baleias e algas e monitoramento climático. Os prejuízos aos cofres públicos, em valores da época, foram estimados em R$ 24 milhões.
De acordo com a denúncia, o sargento era responsável pela transferência de combustível na praça de máquinas. Uma das atividades era transferência de óleo diesel de combustão imediata entre tanques que alimentavam os geradores da base brasileira na estação, operação que, por determinação legal, precisa ser acompanhada.
Na noite do dia 25 de fevereiro de 2012, quando houve o acidente, o suboficial deixou o posto, com a transferência em andamento, para participar da festa de despedida de uma pesquisadora. O incêndio acabou ocorrendo porque a transferência de combustível não foi encerrada em tempo hábil, levando ao transbordamento dos tanques. O contato do óleo com o gerador quente foi a principal causa do incêndio, ressaltou a denúncia.