Bolsonaro disse que não precisa “fritar” ministro para demitir, mas mantém o ignaro Weintraub no cargo

A Advocacia-Geral da União (AGU) recorreu ao Superior Tribunal de Justiça (STJ) para tentar derrubar a decisão que impede a divulgação dos resultados do Sistema de Seleção Unificada (Sisu), prevista para terça-feira (28).

A decisão que impede a divulgação é da Justiça de São Paulo, mas a AGU recorreu ao Tribunal Regional Federal da 3ª Região (TRF-3), com sede em São Paulo, na esperança de liberar a divulgação dos resultados. A presidente do TRF-3, desembargadora Therezinha Cazerta, negou, na noite do domingo (26), pedido da AGU, alegando que cabe ao Poder Judiciário proteger “os interesses dos indivíduos quando violados”.

Em seu despacho, a magistrada destaca que a situação envolvendo o Sisu é grave e justifica a suspensão porque, assim que os resultados forem divulgados, eles geram expectativas dos candidatos, “tornando particularmente difícil que um erro a esse respeito seja reparado”.

“Dar prosseguimento ao cronograma, nessa direção, sem enfrentar adequadamente as consequências de algo ocasionado pela própria União Federal é que é um risco à política educacional do país, e não o contrário, porque implica validar os resultados de um exame, utilizando-o para definir o futuro das pessoas e balizar políticas públicas, sem que houvesse um grau mínimo de transparência a respeito dos pedidos apresentados pelos candidatos e uma reavaliação do impacto que o equívoco teve para os demais candidatos”, ressaltou a desembargadora Therezinha Cazerta em sua decisão.

A Justiça quer que o governo federal prove que sanou todos os problemas decorrentes dos erros na correção das provas do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), que, segundo o presidente do Inep, Alexandre Lopes, já foram sanados. Lopes afirmou que a falha afetou 5.974 estudantes que fizeram o Enem, o que representa 0,15% dos 3,9 milhões de inscritos.

É importante lembrar que a solução para todos os problemas do País passa obrigatoriamente, por via direta ou indireta, pela educação, mas o governo populista de Jair Bolsonaro insiste em tratar as questões relacionadas ao tema com desdém e irresponsabilidade. Desde o início do governo, em janeiro de 2019, o Ministério da Educação tem servido como palco de escândalos grotescos e polêmicas ideológicas, enquanto questões educacionais permanecem ao relento.

Há dias, ao falar sobre o imbróglio envolvendo a possível recriação do Ministério da Segurança Pública, o que esvaziaria o cacife político de Sérgio Moro, que cada vez mais mostra-se candidato ao Palácio do Planalto, o presidente Jair Bolsonaro disse que não precisa “fritar” ministro antes de demiti-lo.

Se de fato essa é a tese que prevalece na gestão atual quando o assunto é nomeação e exoneração de auxiliares, que Bolsonaro reforce a dose de coragem e demita o ministro Abraham Weintraub, da Educação, um incompetente que sequer sabe escrever corretamente, mas dedica parte do tempo a produzir vídeos toscos para ironizar e atacar adversários do governo. Até porque, a confusão que se abateu sobre o Enem e o Sisu é motivo mais que suficiente para demissão sumária.

Bolsonaro só não demitirá Weintraub porque o ministro está na quota do astrólogo da Virgínia, que funciona como guru da família presidencial. Um país que torna-se refém de um astrólogo que se intitula filósofo apenas porque em público enxerta meia dúzia de palavras chulas em cada frase que vocifera não pode pensar em futuro, até porque o presente é uma tragédia consumada.