Bolsonaro demitiu assessor que usou avião da FAB para viajar à Índia, mas mantém Weintraub na Educação

A saída de Renato Rodrigues Vieira da presidência do Instituto Nacional de Seguridade Social (INSS) foi anunciada pelo governo como “demissão a pedido”, mas não é essa a realidade dos fatos. Secretário Especial de Previdência e Trabalho do Ministério da Economia, Rogério Marinho afirmou, durante entrevista coletiva sobre as providências do governo para reduzir a fila de pedidos de benefício represados no INSS, que a saída de Vieira foi fruto de “conversa amadurecida ao longo dos últimos 15 dias”.

“Ele consolidou sua disposição de sair do INSS a pedido. Foi uma conversa amadurecida ao longo dos últimos 15 dias”, afirmou Rogério Marinho. “O Renato acha que precisa se dedicar a seus projetos, e nós aceitamos sua demissão”, declarou.

Quem acompanha com proximidade o cotidiano do poder sabe que exonerações em caráter amigável são classificadas como demissões a pedido para que o exonerado não comprometa o currículo. Não obstante, projetos pessoais e assuntos familiares sempre surgem como justificativas para esses pedidos de demissão.

Renato Vieira foi nomeado no início do governo Bolsonaro e ficou pouco mais de um ano no cargo. Desde o fim de 2019, o INSS enfrenta uma crise na análise de benefícios, com quase 2 milhões de pedidos de pensões e aposentadorias encontram-se represados no órgão. De acordo com estimativa do governo, o prazo para regularizar os pedidos parados é de aproximadamente seis meses.

Pois bem, se Renato Vieira foi demitido por conta da crise que assombra o INSS, o presidente Jair Bolsonaro precisa explicar ao brasileiro de bem por qual razão Abraham Weintraub ainda não foi despejado do Ministério da Educação, que nas últimas semanas transformou-se em um espetáculo de incompetência e irresponsabilidade.

Galhofeiro contumaz e insistindo em “assassinar” a gramática, Weintraub continua se esquivando dos problemas decorrentes do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) e do Sistema de Seleção Unificada (Sisu), mas no Palácio do Planalto sua permanência no cargo é discutida em marcha lenta.

Ao recorrer à Justiça para liberar a divulgação a lista do Sisu, o Ministério da Educação admitiu que nem todas as 180 questões usadas no Enem 2019 foram testadas com antecedência, o que pode comprometer a margem de erro da prova. A informação consta em nota técnica apresentada à Justiça para tentar comprovar que a falha na correção de 5.974 provas do Enem não teve “influência significativa” na nota de todos os candidatos.

Após o Superior Tribunal de Justiça (STJ) atender a um pedido do governo e liberar a divulgação dos resultados do Sisu, participantes do Enem usaram as redes sociais, nesta quarta-feira (29), para relatar problemas na lista de espera. De acordo com os relatos dos estudantes, quem fez apenas uma opção de curso e não conseguiu vaga na chamada regular, não consegue acessar a lista de espera.

Como se não bastasse, funcionários do Ministério da Educação afirmam que os resultados do Enem não são 1005 confiáveis. Isso porque, ao identificar os erros na edição de 2019 do exame, o Inep (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais) refez a conferência dos desempenhos dos participantes, mas preferiu não recalcular a proficiência dos itens usados nas provas.

O recálculo daria maior segurança aos resultados, mas demandaria tempo maior para ser concluído. Diante da necessidade de dar à opinião pública uma resposta rápida sobre a questão dos erros, o governo Bolsonaro preferiu uma solução menos segura.

Sob condição de anonimato, funcionários do Inep e do Ministério da Educação afirmam que sem o procedimento do recálculo da proficiência é impossível ter 100% de confiança nos resultados do Enem.

É preciso que o Palácio do Planalto padronize os critérios de avaliação do desempenho dos integrantes da equipe do governo, pois não se pode exonerar acertadamente um integrante da Casa Civil por uso indevido de avião da FAB, mas mantém-se no cargo um ministro irresponsável que deveria preocupar-se com questões relacionadas à pasta, mas dedica boa parte do tempo à produção de vídeos toscos e marcados pelo deboche, apenas porque é movido pelo revanchismo ideológico.