Quando ainda era candidato à Presidência da República, Jair Bolsonaro assumiu publicamente ser incompetente em diversos assuntos, algo que vem sendo provado ao longo dos últimos meses. Antes disso, o UCHO.INFO sempre afirmou que Bolsonaro, um despreparado e sem estofo para cargo de tamanha relevância, seria dragado pela incoerência, uma vez que as promessas de campanha eram absurdas e impossíveis de serem cumpridas.
Alguém há de dizer que promessa de campanha é uma coisa e decisão de governo é outra, mas é preciso doses rasas de coerência para levar adiante uma nação com tantos problemas e carente de soluções. Além disso, Bolsonaro afirmou que, se eleito, governaria de um jeito novo e diferente.
Em 21 de outubro de 2018, em transmissão ao vivo para milhares de apoiadores que se reuniram na Avenida Paulista, em São Paulo, Jair Bolsonaro recorreu a frases de efeito com o objetivo de levar a massa ao delírio, no melhor estilo fascista, tendo afirmado: “Sem indicações políticas, faremos um time de ministros que realmente atenderá às necessidades do nosso povo. Podem ter certeza.”
Quem acreditou nas palavras de Bolsonaro e teve certeza acabou se decepcionando, já que indicações políticas sobram no governo, sem contar os incompetentes que foram colocados em postos importantes de um governo pífio, retrógrado, intolerante e movido pelo revanchismo ideológico.
Na terça-feira (28), Bolsonaro, que ao voltar da Índia precisava de algum factoide que mostrasse seu cacife político, depois do vexaminoso entrevero com o ministro Sérgio Moro (Justiça), acabou exonerando Vicente Santini do cargo de secretário-executivo da Casa Civil. Santini foi apeado do posto por ter utilizado um avião da Força Aérea Brasileira (FAB) para voar da Suíça para Nova Delhi, o que deixou o presidente irritado em razão do custo do deslocamento (aproximadamente R$ 900 mil).
Mostrando ser um digno representante da “velha política”, Bolsonaro não resistiu aos apelos dos filhos Eduardo e Flávio e, sem perder tempo, arrumou novo cargo para Santini, na mesma Casa Civil. O ex-secretário-executivo da pasta foi nomeado como assessor especial de relacionamento externo da Casa Civil.
Amigo de infância de Santini, o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) pediu ao pai para que o ex-secretário-executivo da Casa Civil permanecesse no governo, mas em outro cargo. Talvez porque Santini saiba muito mais do que o clã presidencial gostaria que ele soubesse.
Ao justificar a exoneração de Santini, o presidente da República classificou como “imoral” o uso do avião da FAB. Diante da nomeação do outrora exonerado, a Casa Civil distribuiu nota nesta quarta-feira (29) informando que Bolsonaro conversou com Santini e decidiu que o ex-secretário-executivo “deve seguir colaborando com o governo”.
Ora, se um integrante do governo é exonerado por ato marcado por imoralidade, como destacou o presidente da República, não há como o demitido ser nomeado para novo cargo sob a alegação de “seguir colaborando com o governo”.
Quando venceu a corrida presidencial, em 28 de outubro de 2018, Jair Bolsonaro passou a acreditar que a Presidência da República se transformara em um “puxadinho” bem-acabado de sua conturbada família, não sem antes ter certeza de que a vitória nas urnas lhe dera o título de “dono do Brasil”. Um presidente da República que renomeia um exonerado a pedido dos filhos não merece respeito. Em suma, Bolsonaro é, além de frouxo, refém dos filhos.