A memória do brasileiro é e sempre será curta, até porque o País incorporou o status de usina de escândalos. Para piorar, a memória do cidadão, com o apoio criminoso de parte da imprensa, tornou-se seletiva, em especial nesses tempos de retrocesso e obscurantismo. Diferentemente do que ocorre em algumas porções canhestras da mídia nacional, aqui no UCHO.INFO não se faz jornalismo de encomenda nem se tergiversa diante dos fatos. Além disso, cobramos das autoridades soluções para os muitos problemas que afligem os cidadãos e coerência no âmbito de suas respectivas falas.
Há dias, o Ministério da Justiça e Segurança Pública, comandado pelo histriônico ex-juiz Sérgio Moro, divulgou a lista dos principais procurados em todo o País, deixando de fora desse rol o miliciano Adriano da Nóbrega, que tem ligações viscerais com a família Bolsonaro.
Ex-capitão da Polícia Militar do Rio de Janeiro e procurado pela Justiça fluminense, Adriano da Nóbrega, fundador do “Escritório do Crime” (grupo de matadores de aluguel), é conhecido no submundo carioca como integrante do grupo que participou do assassinato da então vereadora Marielle Franco e do motorista Anderson Gomes, até hoje sem solução. Além disso, Nóbrega é investigado no escândalo das “rachadinhas” por ter abastecido as contas bancárias de Fabrício Queiroz, ex-assessor parlamentar do outrora deputado estadual Flávio Bolsonaro, agora senador da República pelo Rio de Janeiro.
As conexões de Adriano com o clã presidencial são de tal forma inequívocas, que o miliciano conseguiu emplacar no gabinete de Flávio Bolsonaro na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj) a mãe e a esposa, possivelmente em postos de funcionários-fantasma, tudo com as bênçãos do filho do presidente da República e a ajuda de Fabrício Queiroz.
Não obstante, na comunidade de Rio das Pedras, na zona oeste do Rio, onde a milícia comandada por Adriano dá as ordens, Flávio Bolsonaro, nas eleições de 2018, venceu em 74 das 76 seções eleitorais. Como na política brasileira inexistem coincidências, há nesse enredo criminoso muito mais fantasmas do que se imagina, mas a força do presidente da República fala mais alto quando investigações avançam e ameaçam o clã.
Para justificar o fato de ter deixado o nome de Adriano da Nóbrega fora da lista dos principais procurados pela Justiça, a pasta comandada por Sérgio Moro alegou que “as acusações contra ele [Adriano] não possuem caráter interestadual, requisito essencial para figurar no banco de criminosos de caráter nacional”.
Como noticiamos anteriormente, essa desculpa seria aceitável se outros dois procurados, que constam da tal lista, não tivessem o mesmo “status” de Adriano da Nóbrega. São eles: Wellington da Silva Braga, o Ecko, e Danilo Dias Lima, o Tandera, que atuavam em milícias de Campo Grande, na Zona Oeste da cidade do Rio de Janeiro. Tandera, braço direito de Ecko, é suspeito de “lavar o dinheiro oriundo de atividade criminosa da milícia, adquirindo bens de luxo, como mansões, cavalos de raça, carros, entre outros”.
Pois bem, enquanto Moro tenta “esconder o sol com a peneira”, como reza a sabedoria popular, autoridades fluminenses e baianas por pouco não prenderam no último sábado (1), no litoral da Costa do Sauípe, o fugitivo Adriano da Nóbrega.
Para comemorar seu aniversário em 14 de janeiro passado, Adriano alugou uma mansão em condomínio de luxo no concorrido balneário, em clara demonstração de que sua preocupação com a Justiça não é das maiores e dinheiro não é problema. Policiais civis do Rio e da Bahia, em operação conjunta, descobriram o endereço e partiram para prender o miliciano mais procurado do País, para desespero de Queiroz e do clã Bolsonaro.
Ao perceber a chegada dos policiais, o chefe da milícia de Rio das Pedras e da Muzema fugiu, deixando para trás uma carteira de identidade falsa em nome de Marco Antonio Linos Negreiros, em cuja foto ele aparece com barba.
Os investigadores que estão no encalco de Adriano têm certeza de que o ex-PM conta com uma rede de proteção para conseguir manter-se em liberdade. De acordo com os policiais, Nóbrega escapou com o apoio de seguranças, mas deixou na mansão a mulher e duas filhas.
Ora, se as polícias do Rio de Janeiro e da Bahia estão empenhadas na captura de Adriano da Nóbrega, o ministro da Justiça, Sérgio Moro, continua devendo ao País uma explicação minimamente convincente para o fato de o nome do miliciano não constar da lista de procurados. Ou o ministro não tem competência à altura do cargo que ocupa ou algo estranho ocorreu nos bastidores.
Que a política brasileira é um jogo sujo e bruto, em que prevalecem interesses escusos, todos sabem, mas Jair Bolsonaro, enquanto presidenciável, prometeu que, se eleito, governaria de maneira nova e combateria o status quo. Com a palavra, o presidente da República e o ministro da Justiça!