A Polícia Civil do Rio de Janeiro concluiu que a voz do porteiro que liberou a entrada do ex-policial militar Élcio de Queiroz no condomínio Vivendas da Barra, na Barra da Tijuca, Zona Oeste carioca, no dia do assassinato da vereadora Marielle Franco (PSOL) e do motorista Anderson Gomes não é a do funcionário que citou o presidente Jair Bolsonaro em depoimento.
A conclusão consta em laudo da Polícia Civil fluminense divulgado nesta terça-feira (11) pelo jornal “O Globo”. Assinado por seis peritos, o documento ao qual o jornal teve acesso ressalta também que não foi constatada qualquer edição no áudio da portaria e que quem deu autorização para a entrada de Queiroz no condomínio foi o policial reformado Ronnie Lessa. Tanto Queiroz quanto Lessa estão presos sob a acusação de terem cometido o assassinato, ocorrido em março de 2018.
Em dois depoimentos no ano passado, um dos porteiros do Vivendas da Barra, onde Bolsonaro e Lessa têm propriedades, disse que o então deputado federal e atual presidente da República havia liberado a entrada de Queiroz no condomínio. No mês seguinte, em novo depoimento, o porteiro voltou atrás.
Segundo o jornal, a perícia no áudio da portaria, iniciada em 13 de janeiro deste ano, confirmou que foi outro funcionário que interfonou para Lessa, morador do condomínio e vizinho de Bolsonaro. O crime aconteceu em 14 de março de 2018, por volta das 21h15. A gravação foi feita no mesmo dia, às 17h07m42s, adiantou a reportagem do Globo.
Nos depoimentos prestados nos dias 7 e 9 de outubro passado, o porteiro disse que “seu Jair” – em referência a Bolsonaro – autorizara a entrada de Queiroz no dia da execução da vereadora, afirmando também que o ex-PM pedira para ir à casa número 58, onde vivia o então deputado federal e atual presidente. Mas Bolsonaro se encontrava em Brasília naquele dia.
Em novembro, entretanto, o funcionário do condomínio Vivendas da Barra afirmou ter lançado errado o registro de entrada de Queiroz na casa 58 na planilha de controle do condomínio. No final de outubro, o Ministério Público do Rio havia afirmado que uma perícia desmentiu o porteiro e apontou que Queiroz foi para a casa 66, de Lessa.