Paulo Guedes diz que com dólar baixo “até empregada doméstica estava indo para a Disneylândia”

Quando a equipe econômica comandada pelo ministro Paulo Guedes começou a tomar as primeiras decisões, o UCHO.INFO afirmou que o fosso que separa ricos e pobres aumentaria de maneira inédita, pois o governo de Jair Bolsonaro não vê com bons olhos as políticas sociais. À época, como sempre, a horda bolsonarista reagiu com fúria e intolerância, já que a falta de disposição para enxergar o óbvio abre caminho para o pensamento obtuso.

Nos bastidores do poder, Guedes é tratado como capitão do grupo de economistas conhecido como “Chicago Boys”, mas o fato de ter cursado Economia na Universidade de Chicago (EUA) não o faz um economista competente e sensato. Até porque, suas recentes decisões e declarações como ministro confirmam o velho adágio popular “o hábito não faz o monge”. No caso de Gudes, o hábito jamais fará o monge.

Dias depois de comparar os servidores públicos a “parasitas”, declaração que obrigou o governo a adiar o envio da reforma administrativa ao Congresso, Paulo Guedes cometeu nesta quarta-feira (12) novo atentado discursivo, revelando mais uma vez sua essência elitista e a pouca preocupação com o cidadão comum.

Em Brasília, durante evento, o ministro da Economia tentou explicar a valorização da moeda norte-americana diante do real – fechou os negócios cotado a R$ 4,35 –, mas sem coragem de fazer um mea, até porque a economia continua empacada, Guedes disse que dólar desvalorizado “todo mundo” estava indo para a Disney, inclusive “empregada doméstica”.

“O câmbio não está nervoso, (o câmbio) mudou. Não tem negócio de câmbio a R$ 1,80. Todo mundo indo para a Disneylândia, empregada doméstica indo para Disneylândia, uma festa danada. Pera aí. Vai passear ali em Foz do Iguaçu, vai passear ali no Nordeste, está cheio de praia bonita. Vai para Cachoeiro do Itapemirim, vai conhecer onde o Roberto Carlos nasceu, vai passear o Brasil, vai conhecer o Brasil. Está cheio de coisa bonita para ver”, disse Paulo Gudes.

Fosse o governo Bolsonaro razoavelmente sério – não é o caso –, Paulo Guedes já estaria demitido, mas isso não acontecerá tão cedo. Afinal, o governo que aí está é um ajuntamento de apasquinados que se dedicam a protagonizar episódios picarescos.

Ao mesmo tempo, se Guedes tivesse doses rasas de brio – não é o caso também – pediria demissão em caráter irrevogável e mudaria do País, pois é inaceitável que alguém que se diz liberal em termos econômicos faça declarações que atentam contra a democracia e violam os mais básicos conceitos de economia. Aliás, em um país onde dois terços da população ganham menos de dois salários mínimos por mês, um ministro que faz pronunciamento desse naipe é caso de polícia.