Após leilão do BC, dólar chega a R$ 4,51; Bolsa perde os 100 mil pontos, mas esboça fraca reação

Após leilão de US$ 1 bilhão em swap cambial, realizado pelo banco Central, a moeda norte-americana continuou demonstrando força e, na esteira das incertezas provocadas pelo avanço do coronavírus (Covid-10), bateu na casa de R$ 4,51 nesta sexta-feira (28).

O leilão do BC, ferramenta utilizada para conter a alta da divisa ianque frente ao real, é o terceiro da semana, o que contraria discurso recente do presidente do órgão, Roberto Campos Neto, quando afirmou não estar preocupado com o tema. O leilão desta sexta-feira foi considerado atípico por ter sido realizado no último dia último dia útil do mês. Às 14h10, o dólar à vista registrava alta de 0,344%, a R$ 4,4905, após atingir a máxima de R$ 4,5141.

As Bolsas de Valores em Nova York, na Europa e no Brasil já registram a pior semana desde a crise de 2008, iniciada com o escândalo dos “subprimes”, créditos podres provenientes de financiamentos imobiliários sem liquidez. Esse cenário provocou a quebra do banco Lehman Brothers, responsável por puxar o “fio do novelo”. Agora, é o novo coronavírus que está a agitar o mercado financeiro global.

Para piorar um quadro que já não era dos melhores, nesta sexta-feira Organização Mundial de Saúde (OMS) elevou para “muito alto” o risco global do coronavírus. Isso tem levado os analistas do mercado a “precificarem” com muita antecedência a possibilidade de uma pandemia do Covid-19, o que provocaria uma recessão econômica em escala global.

 
Para se ter ideia do que esse cenário representa, instituições financeiras e analistas do mercado começam a rever projeções do crescimento econômico do planeta e de algumas potências. O Bank of America Merril Lynch reduziu para 2,8% a projeção do PIB mundial, ritmo mais fraco desde 2009, e para 5,2% na China, mais fraco desde 1990. O último dado é extremamente preocupante, pois pode ter efeitos colaterais tão imprevisíveis quanto devastadores.

Ibovespa registra considerável queda

No Brasil, o Ibovespa despediu-se no início da tarde desta sexta-feira da festejada marca dos 100 mil pontos. Às 14h27, a Bolsa brasileira recuava 0,98%, chegando aos 1,44, chegando aos 101.971,56 pontos, após mínima de 99.950,96.

O despenhadeiro pontual do Ibovespa também reflete a crise institucional que se formou depois dos irresponsáveis ataques do governo ao Congresso e na esteira da decisão de Jair Bolsonaro de apoiar os protestos contra o Legislativo e o Judiciário, marcados para o próximo dia 15 de março.

Na Ásia, as Bolsas encerraram os negócios da semana, com consideráveis perdas, fazendo eco ao que vem acontecendo nos últimos dias no mercado financeiro global por conta do avanço do coronavírus além das fronteiras chinesas. Esse cenário faz com que os investidores migrem dos ativos considerados de risco, como ações por exemplo para outros tidos como seguros, como ouro.