Decidido a atentar cada vez mais contra a democracia, Bolsonaro continua atacando o Congresso

 
Nas diversas ocasiões em que o UCHO.INFO afirmou que Jair Bolsonaro, se eleito, em algum momento daria um “cavalo de pau” na democracia não se tratou de figura de retórica, pois nossas afirmações estão se confirmando na esteira das muitas tentativas do autoritário presidente da República, que não aceita ser contrariado nem reflete a partir das muitas críticas que recebe.

Incompetente conhecido e adepto confesso do totalitarismo, Bolsonaro tem sérias dificuldades para governar, algo facilmente provado pelos 14 primeiros meses de mandato, mas prefere terceirizar sua deficiência apostando na hipótese de que o País acreditará em suas falácias.

Se uma parcela da população o apoia de forma insana e irresponsável não significa que toda a sociedade agirá como manada, uma vez que a realidade – duríssima, é bom lembrar – começa a bater à porta de todos, sem exceção.

Tendo o Congresso Nacional como adversário predileto, o presidente da República não pensa duas vezes para, ao se ver em situação de dificuldade, colocar o Parlamento no olho do furacão. Na verdade, não fosse o Congresso, o governo de Jair Bolsonaro já teria ido pelos ares. Afinal, se o Executivo não tem capacidade para assumir as próprias responsabilidades e executar as tarefas que lhe cabem, alguém há de fazê-lo, a despeito da vontade do presidente da República.

Ciente de que sua situação piora sobremaneira com o passar dos dias e deve tornar-se ainda pior na esteira da crise econômica global que se avizinha por causa da epidemia do novo coroanvírus, Bolsonaro insiste em atacar o Congresso, mesmo que através de suas “longa manus”.

Depois de criar um furdunço no escopo do Orçamento impositivo, tarefa sórdida que delegou ao chefe do Gabinete de Segurança Institucional da Presidência (GSI), Augusto Heleno, o presidente, além de covardemente negar que tenha feito acordo com deputados e senadores sobre o tema, mantém o apoio aos protestos convocados para o próximo dia 15 de março, cujo objetivo é atacar o Congresso e o Supremo Tribunal Federal (STF).

 
Nesta sexta-feira (6), durante palestra no Instituto Fernando Henrique Cardoso, em São Paulo, o presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ) não precisou de muito tempo para subir o tom e disparar na direção do Palácio do Planalto. Falando sobre a estrutura criminosa montada na sede do Executivo e custeada com o suado dinheiro do contribuinte para disseminar notícias falsas e atacar adversários políticos, Maia disse que o “entorno do governo” age para atacar as instituições nas redes sociais.

“Não queremos um milímetro do que é responsabilidade do Executivo, mas queremos que as prerrogativas parlamentares do Congresso Nacional sejam respeitadas. Cria-se conflitos onde não existe em um País com 11 milhões de desempregados. Não podemos discutir uma coisa criada para viralizar o ódio, que é essa questão de parlamentarismo branco. Essas teses são criadas para arranjar alvos para que os presidentes da Câmara, Senado e Supremo sejam atacados. Isso só atrasa as soluções”, disse Rodrigo Maia após a palestra.

Apesar de carreira parlamentar pífia e improducente, Bolsonaro sabe que no meio político “a vingança é um prato que se come frio”, como prega a sabedoria popular. Sem resolver os problemas que atravancam a economia, mesmo tendo se apresentado ao eleitorado como o derradeiro milagroso, e com alguns parcos meses pela frente para evitar um pedido de impeachment e, caso aprovado, a convocação de nova eleição, o presidente estica a corda do poder ao máximo na esperança de que seus adversários demonstrem pavor, mesmo que em doses rasas.

O temor dos militares diante da possibilidade de a esquerda retornar ao poder central, caso Bolsonaro seja despejado do Palácio do Planalto, faz com que o generalato palaciano mantenha em “banho-maria” os devaneios do presidente, com direito a interferências pontuais para minimizar os efeitos colaterais dos arroubos presidenciais, mas isso poderá durar até o final de dezembro, como já detalhamos em matéria anterior.

Até lá, uma eventual queda de Bolsonaro, não importando a razão, obrigaria a convocação de nova eleição em até noventa dias. A partir de 1º de janeiro de janeiro, com a vacância da Presidência assume o poder o general da reserva Hamilton Mourão, que também deve ser acompanhado com a devida parcimônia.

É nesse cenário de fermentação política contínua que temas que interessam ao Brasil são decididos, sem que em consideração sejam levadas questões relacionadas à democracia e ao Estado de Direito. Jair Bolsonaro, que flerta diuturnamente com a ruptura democrática, em algum momento há de concluir seu plano. Quem viver, verá!