Como fascista clássico, Bolsonaro nega crise econômica e culpa imprensa por turbulência no mercado

 
Quando Jair Bolsonaro é acusado de ser um petista com o sinal trocado, não se trata de mera provocação ideológica, mas de constatação da realidade, já que o atual presidente da República age da mesma maneira que seus adversários políticos, usando as mesmas desculpas e cometendo erros idênticos.

Em 2009, o então presidente Lula disse que os efeitos econômico-financeiros decorrentes da crise do “subprime”, nos Estados Unidos, chegariam ao Brasil como “marolinha”. Naquele momento, o UCHO.INFO acusou o petista de ser irresponsável, afirmando que a crise do “subprime” alcançaria o País com musculatura de tsunami, como de fato ocorreu.

Tal qual o adversário Lula, o fanfarrão Bolsonaro abusa da retórica populista para tratar de assuntos que ele sequer conhece, mas essa atitude encontra explicação na necessidade que o presidente brasileiro tem de jogar uma cortina de fumaça sobre o passo lento da economia nacional, contrariando suas promessas de campanha e as falsas profecias do ministro Paulo Guedes.

Após o mercado financeiro global enfrentar na segunda-feira (9) uma onda de pânico, o que obrigou à interrupção de Bolsas de Valores em diversas partes do planeta, Jair Bolsonaro negou que esteja ocorrendo uma crise. Como sempre acontece com governantes amantes do autoritarismo, Bolsonaro preferiu culpar a imprensa pelo que vem ocorrendo ao redor do globo.

Nesta terça-feira (10), em esvaziado evento que contou com a participação de empresários brasileiros em Miami, Bolsonaro disse que “problemas na Bolsa acontecem” e que o surto do novo coronavírus, que já deixou mais de 4 mil mortos em todo o planeta, “não é isso tudo que a grande mídia propaga”.

Que Bolsonaro é um néscio assumido em termos de economia o mundo já sabe, mas como cresce a cada hora sua necessidade de impulsionar os protestos agendados para o próximo domingo, 15 de março, faltava arrastar a imprensa para o olho do furacão. Afinal, o Parlamento e o Judiciário foram arrastados anteriormente.

Movido pela estupidez do pensamento, o presidente brasileiro acredita ter o direito de fazer declarações estapafúrdias, o que a qualquer cidadão é garantido pela Constituição, mas como chefe de Estado deveria ser mais comedido para não causar apreensões ainda maiores.

 
A turbulência que tomou conta do mercado financeiro internacional na segunda-feira teve seu epicentro na Covid-19 e na queda de braços entre Riad e Moscou pelo preço do barril de petróleo, mas a crise institucional brasileira colaborou sobremaneira para o mar de incertezas. E continuará causando estragos, até que Bolsonaro decida abandonar a fermentação do ódio e da cizânia e comece a governar de fato.

“Alguns da imprensa conseguiram fazer de uma crise a queda do preço do petróleo […] É melhor cair 30% do que subir 30% do preço do petróleo. Mas isso não é crise. Obviamente, problemas na Bolsa, isso acontece esporadicamente. Como estamos vendo agora há pouco, as bolsas que começam a abrir hoje já começam com sinais de recuperação”, afirmou Jair Bolsonaro nesta terça-feira.

“Muito do que tem ali é muito mais fantasia, a questão do coronavírus, que não é isso tudo que a grande mídia propaga”, completou o brasileiro.

Demonstrando um misto de subserviência explicita a Donald Trump, despreparo para ocupar cargo de tamanha relevância e falta de personalidade, Bolsonaro não hesitou em imitar o presidente dos norte-americanos, que nos Estados Unidos cometeu e continua a cometer a irresponsabilidade de minimizar os estragos produzidos pela Covid-19.

Fingindo que a Covid-19 não causará danos à economia ianques, Trump prefere adotar um discurso ufanista que leva os americanos a erro, mas essa estratégia poderá lhe custar dentro de alguns meses, mais precisamente em novembro, quando correrá a disputa pela Casa Branca.

É importante ressaltar aos mais exaltados apoiadores de Bolsonaro que nem tudo que serve para os EUA é bom para o Brasil. Por isso, essa insistência de Bolsonaro em ser um avatar tupiniquim de Trump pode acabar mal.

Resumindo, a viagem de Jair Bolsonaro a Miami foi interessante apenas a ele próprio, não ao Brasil. Nem mesmo a Donald Trump serviu, pois ter o apoio de um conhecido “pé frio” na sua tentativa de reeleição não é boa decisão.