O presidente Jair Bolsonaro negou, nesta sexta-feira (13), que tenha sido diagnosticado com o novo coronavírus, rebatendo notícias de que teria contraído a Covid-19, divulgadas pela emissora norte-americana “Fox News” e também pelo jornal “O Dia”.
A “Fox News” afirmara que recebera a informação de Eduardo Bolsonaro, filho do presidente. Já o jornal “O Dia” não revelou sua fonte. Pouco antes, em sua conta Twitter, Eduardo Bolsonaro não confirmou nem desmentiu a notícia, apenas afirmou que os exames do pai e de integrantes da comitiva que viajou aos Estados Unidos ainda não estavam concluídos.
De acordo com Bolsonaro, exames feitos pelo laboratório Sabin e pelo Hospital das Forças Armadas, na quinta-feira (12), deram negativo. Na postagem em que divulga o resultado, o presidente da República aparece “dando uma banana”, como se isso servisse para confirmar o resultado.
O ministro-chefe do Gabinete de Segurança Institucional da Presidência (GSI), Augusto Heleno, divulgou nas redes sociais que também testou negativo para o novo coronavírus.
Na quinta-feira, foi confirmada a infecção pelo novo coronavírus (Sars-Cov-2) de Fábio Wajngarten, chefe da Secretária Especial de Comunicação da Presidência (Secom). Wajngarten viajou com Bolsonaro para os EUA, onde ambos se encontraram com o presidente Donald Trump no final de semana passado.
Após a confirmação do caso em seu gabinete, mais precisamente na Secom, o presidente falou sobre o coronavírus em sua live semanal nas redes sociais, usando máscara, e em breve pronunciamento em rede nacional de rádio e televisão. Durante o pronunciamento, o presidente desaconselhou a realização dos atos contra o Congresso Nacional e o Supremo Tribunal Federal (STF) convocados para o próximo domingo, 15 de março.
“Nossa saúde e de nossos familiares devem ser preservadas. O momento é de união, serenidade e bom senso”, afirmou Bolsonaro. “Queremos um povo atuante e zeloso com a coisa pública, mas jamais podemos colocar em risco a saúde da nossa gente.”
O presidente reconheceu ainda que o número de infectados no país pode aumentar nos próximos dias, mas disse que esse cenário não é motivo para pânico. “O governo está atento para manter a evolução do quadro sob controle”, acrescentou.
Sobre a afirmação de Bolsonaro de que seu teste para o novo coronavírus deu negativo não é suficiente, pois na condição de chefe de Estado é preciso apresentar o resultado, em que pese o direito do paciente de manter sigilo no escopo das suas condições de saúde.
Quem conhece os meandros do poder sabe como informações são manipuladas para evitar consequências caóticas. Considerando que o avanço da pandemia do novo coronavirus vem promovendo estragos inéditos no mercado financeiro e em muitas economias ao redor do planeta, não causaria surpresa se em algum momento viesse à tona a informação de que o presidente brasileiro omitira a verdade para evitar um mal maior.
Não obstante, é importante ressaltar que Bolsonaro continua isolado nos palácios, em Brasília, e distante de seus apoiadores, mesmo após o suposto resultado negativo do teste. Em outras palavras, há algo estranho ou mal explicado nessa epopeia governista.
Em relação à estrutura da saúde pública estar preparada para atender os casos decorrentes do avanço da pandemia da Covid-19, Bolsonaro sabe que falta com a verdade, pois é de conhecimento da população a realidade que domina o setor há décadas. Além disso, recente matéria do UCHO.INFO, que levou o Ministério da Saúde a investigar a denúncia, mostrou que o sistema público de saúde agiu de forma irresponsável por ocasião dos primeiros casos confirmados de coronavírus.