Populista e irresponsável, Bolsonaro explica participação em protesto alegando que isolar presidente é golpe

(Sérgio Lima – AFP)

 
É desnecessário ressaltar a devastadora irresponsabilidade de Jair Bolsonaro, algo que sempre marcou sua carreira política, mas que agora ganha evidência extra por conta de ele estar presidente da República. A decisão de abandonar o isolamento recomendado pelos médicos em razão da pandemia do novo coronavírus e participar, em Brasília, dos protestos contra o Congresso Nacional e o Supremo Tribunal federal (STF) mostrou que Bolsonaro não tem condições de estar à frente do Executivo.

Como há muito afirma o UCHO.INFO, Bolsonaro, um populista rastaquera, é desprovido de competência e estofo para ocupar cargo de tamanha relevância, além de representar ameaça constante à democracia e ao Estado de Direito.

Sem ter como explicar o fiasco em que se transformou o próprio governo, o presidente recorre a factoides típicos do fascismo, como, por exemplo, as recorrentes afirmações de que é vítima de tentativa de golpe por parte da classe política, como se a opinião pública desconhecesse a verdade dos fatos.

Para justificar a atitude irresponsável de participar do protesto ocorrido em Brasília, Bolsonaro alegou que seria golpe mantê-lo isolado. É importante ressaltar que a recomendação para que o presidente ficasse em isolamento durante duas semanas partiu das autoridades do próprio governo, em especial do ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta.

Na manhã desta segunda-feira (16), durante entrevista à Rádio Bandeirantes, Bolsonaro disse que vive sob ameaça do Legislativo, o que não é verdade. “Não pode um chefe do Poder Executivo viver ameaçado o tempo todo”, afirmou. “Seria um golpe isolar o chefe do Poder Executivo por interesses outros que não sejam os republicanos”, declarou Bolsonaro.

 
Jair Bolsonaro sofre de anorexia intelectual, por isso suas declarações, atos e decisões não merecem crédito, já que tudo é prévia e estrategicamente pensado para colocar a súcia de apoiadores contra a massa pensante e os Poderes constituídos.

Para mostrar como o populismo de Bolsonaro é tosco e rasteiro, na última quinta-feira (12) o presidente fez uma transmissão ao vivo em rede social usando máscara cirúrgica, mas no domingo ignorou as recomendações dos médicos e da Organização Mundial da Saúde (OMS) e juntou-se aos manifestantes que se aglomeravam diante do Palácio do Planalto, com direito a apertos de mãos e selfies.

Caso fosse minimamente responsável e preocupado com o futuro do País, o Congresso já teria dado seguimento a pedido de impeachment contra Jair Bolsonaro, que no domingo violou de maneira inconteste o que determina a Lei nº 1.079, de 10 de abril de 1950, conhecida como “Lei do Impeachment”. Em seu artigo 4º, a referida lei estabelece o que segue:

“Art. 4º São crimes de responsabilidade os atos do Presidente da República que atentarem contra a Constituição Federal, e, especialmente, contra:

Inciso IV – IV – A segurança interna do país.”

Alguém precisa parar um governante irresponsável que diuturnamente, no afã de fomentar a ruptura democrática, recorre à vitimização. O Palácio do Planalto está tomado por um grupelho de golpistas, respeitadas algumas honrosas exceções, que enquanto sonha com o retorno da era plúmbea ousa falar em manutenção da democracia. Para tal usam discursos torpes como a existência de corruptos e ameaças do Parlamento. Ora, se isso de fato está ocorrendo, que nomes sejam revelados.