Autoridades de saúde têm implorado para que a população não faça uso da hidroxicocloroquina como forma de prevenir contra o novo coronavírus. Usado por pacientes com malária, lúpus e artrite reumatoide, o medicamento era vendido nas farmácias sem a necessidade de receita, mas em razão da alta e repentina procura a Agência Nacional de Vigilância determinou que a a partir de agora é necessária a apresentação de prescrição médica para a aquisição do produto.
Além disso, o uso indiscriminado do medicamento, sem acompanhamento médico-hospitalar, é perigoso e pode levar à morte, como já aconteceu nos Estados Unidos, pois a hidroxicloroquina interfere nas funções cardíacas. Alguns testes estão sendo realizados em vários hospitais ao redor do planeta em pacientes infectados pelo novo coronavírus e que encontram-se em estado grave, internados em unidades de terapia intensiva, mas ainda não há qualquer comprovação científica de sua eficácia no combate à Covid-19. Trata-se de um processo experimental que vem sendo oferecido aos pacientes, com a aquiescência dos familiares, sem qualquer garantia de sucesso. Além disso, o medicamento é ministrado somente em ambiente hospitalar e pelo prazo máximo de cinco dias.
Apesar desse cenário envolvendo a hidroxicloroquina, o presidente Jair Bolsonaro exibiu uma caixa do medicamento durante sua participação na reunião virtual dos líderes do G-20, cujo objetivo era discutir medidas para conter os avanços do novo coronavírus e como enfrentar as consequências da doença nos mais diversos segmentos. Em foto divulgada pela assessoria de imprensa do Palácio do Planalto, Bolsonaro aparece ao lado do chanceler Ernesto Araújo segurando uma caixa de Requinol nome comercial da hidroxicloroquina.
Na quarta-feira (25), o presidente brasileiro voltou a afirmar nas redes sociais que o tratamento da Covid-19 com hidroxicloroquina tem apresentado eficácia e pode trazer tranquilidade aos brasileiros. Ora, se nem mesmo os cientistas, médicos e pesquisadores não arriscam fazer tal afirmação, como um ignorante na área da saúde faz declaração criminosa e que não passa de ode ao charlatanismo.
Também nas redes sociais, o ainda ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, ressaltou que a pasta distribuirá às unidades públicas de saúde, respeitadas as necessidades de cada uma, 3,4 milhões de doses dos medicamentos cloroquina e hidroxicloroquina para uso em pacientes internados em estado grave. Mandetta lembrou que “em hipótese alguma” o cidadão deve optar pela automedicação. Em alguns países, como Estados Unidos e Nigéria, há registro de óbito de pessoas por uso indiscriminado de hidroxicloroquina.
Sem ter o que apresentar na reunião do G-20, Bolsonaro precisava dar vazão à sua essência patética, colocando o Brasil mais uma vez em situação vexatória. Um presidente da República que participa de encontro de chefes de Estado para discutir grave pandemia, no mínimo deveria estar preparado para não passar vergonha. Como de Bolsonaro o brasileiro nada pode esperar, além do “bufanismo” diário, passou da hora de exigir sua renúncia.