Covarde e movido pela delinquência intelectual, Bolsonaro distorce palavras do diretor-geral da OMS

 
Que o presidente Jair Bolsonaro é um delinquente intelectual irrecuperável que se alimenta no cocho do oportunismo criminoso o mundo já sabe. Não há mais espaço no cotidiano para qualquer dúvida a respeito desse comportamento condenável do presidente da República, que, por enquanto, está decidido a fazer um pronunciamento à nação, na noite desta terça-feira (31), com base em distorção de uma declaração do diretor-geral da Organização Mundial da Saúde (OMS), Tedros Adhanom Ghebreyesus.

Na segunda-feira (3), Tedros externou, durante entrevista coletiva, sua preocupação com pessoas isoladas em lugares mais pobres do planeta, obrigadas a trabalhar diariamente para ganhar o “pão de cada dia”. O diretor da OMS cobrou dos governos a adoção de medidas para garantir renda mínima a essas pessoas marginalizadas, pelo menos durante a crise do novo coronavírus.

A fala de Tedros Adhanom foi uma resposta ao questionamento sobre os impactos das medidas adotada pelo governo da Índia, que impôs restrições de movimentação e o fechamento de comércio no país, que tem 1,3 bilhão de habitantes.

“Sou da África e sei que muita gente precisa trabalhar cada dia para ganhar o seu pão. E governos devem levar essa população em conta. Se estamos limitando os movimentos, o que vai acontecer com essas pessoas que precisam trabalhar diariamente? Cada país deve responder a essa questão”, disse Tedros.

“Precisamos também ver o que isso significa para o indivíduo na rua. Venho de uma família pobre e sei o que significa sempre preocupar-se com o pão de cada dia. E isso precisa ser levado em conta. Porque cada indivíduo importa. E temos que levar em conta como cada indivíduo é afetado por nossas ações. É isso que estamos dizendo”, emendou o diretor-geral da OMS.

 
“Nós entendemos que muitos países estão implementando medidas que restringem a movimentação das pessoas. Ao implementar essas medidas, é vital respeitar a dignidade e o bem estar de todos. É também importante que os governos mantenham a população informada sobre a duração prevista dessas medidas, e que dê suporte aos mais velhos, aos refugiados, e a outros grupos vulneráveis. Os governos precisam garantir o bem estar das pessoas que perderam a fonte de renda e que estão necessitando desesperadamente de alimentos, saneamento, e outros serviços essenciais. Os países devem trabalhar de mãos dadas com as comunidades para construir confiança e apoiar a resistência e a saúde mental”, completou.

Sempre disposto a estratégias rasteiras como forma de tentar impor seus pensamentos desconexos da realidade, Bolsonaro usou trechos da fala do diretor da OMS para reforçar a defesa que faz do fim do isolamento social.

“Vocês viram o presidente da OMS ontem? O que ele disse, praticamente… Em especial, com os informais, têm que trabalhar”, questionou Bolsonaro, nesta terça-feira, aos seus apoiadores que diariamente se aglomeram de maneira obediente à saída do Palácio da Alvorada. Trata-se de evidente tentativa de manipular e distorcer as declarações do diretor-geral da OMS, que desde o início da pandemia defende o isolamento social como principal arma contra o novo coronavírus

Diante da incursão covarde do presidente brasileiro, Tedros Ghebreyesus manifestou-se através do Twitter e afirmou: “Pessoas sem fonte de renda regular ou sem qualquer reserva financeira merecem políticas sociais que garantam a dignidade e permitam que elas cumpram as medidas de saúde pública para a Covid-19 recomendadas pelas autoridades nacionais de saúde e pela OMS. Eu cresci pobre e entendo essa realidade. Convoco os países a desenvolverem políticas que forneçam proteção econômica às pessoas que não possam receber ou trabalhar devido à pandemia da Covid-19. Solidariedade”.

Bolsonaro por certo já foi avisado por sua assessoria sobre a reação do diretor da OMS, que ratificou a declaração do dia anterior em favor do isolamento social e da assistência por parte dos governos àqueles que necessitam trabalhar para garantir o sustento de cada dia. Aliás, se o presidente brasileiro tivesse doses rasas de bom-senso sequer precisaria ser alertado por assessores para um fato que é marcado pela obviedade.

Como reagirá Bolsonaro de agora até o costumeiro horário dos pronunciamentos presidenciais não se sabe, até porque o presidente tornou-se refém dos filhos e do chamado “gabinete do ódio”. Esse comportamento mostra de maneira inequívoca o perigo que representa deixar nas mãos de Jair Bolsonaro o futuro do País. Basta!