O presidente Jair Bolsonaro apequena-se cada vez mais com o passar das horas no âmbito da crise do novo coronavírus. Influenciado pelos filhos e pelo chamado “gabinete do ódio”, grupo de aloprados ideológicos que funciona no Palácio do Planalto sob as expensas do suado dinheiro, Bolsonaro, um ególatra em desabalada carreira, decidiu no início desta segunda-feira (6) levar as ameaças dominicais ao campo da realidade. O presidente ordenou à assessoria palaciana a confecção do ato de exoneração de Luiz Henrique Mandetta, porque o ministro da Saúde tem adotado medidas de combate ao coronavírus que contrariam o chefe do Executivo federal.
Na noite de domingo (5), quando Bolsonaro fez as ameaças em rede social, ocasião em que afirmou que usaria a caneta contra “integrantes do governo que viraram estrela e falam pelos cotovelos”, Mandetta telefonou para dois ministros palacianos, Walter Braga Netto (Casa Civil) e Luiz Eduardo Ramos (Secretaria de Governo) para avisar que o presidente deveria ter atitude e que se questionado sobre o tema durante a entrevista para atualização sobre o panorama do coronavírus no País responderia de “forma dura”.
Informado da decisão de Mandetta e diante dos resultados da pesquisa Datafolha que revelou ser a maioria da população (76%) a favor do isolamento social como forma de combater o novo coronavírus, Bolsonaro convocou para as 17 horas desta segunda uma reunião com todos os ministros e diretores de autarquias. A ideia era impedir que Mandetta participasse da coletiva diária, evitando que o ministro voltasse a confrontá-lo, algo inevitável depois dos últimos acontecimentos.
Com o acirramento da crise ao longo do dia, Bolsonaro, pressionado por Braga Netto e Luiz Eduardo Ramos, decidiu recuar na decisão de demitir o ministro da Saúde, o que o deixa ainda mais isolado politicamente. Sem saída, até porque a pressão exercida pelo generalato palaciano não foi pequena, o presidente da República desistiu de publicar em edição extra do Diário Oficial da União o decreto com a exoneração de Mandetta.
Para piorar a situação de Bolsonaro, tão logo começou a circular a notícia de que Mandetta seria demitido, várias cidades brasileiras registraram panelaços contra o presidente e a favor do ministro da Saúde.
Não é de hoje que o UCHO.INFO afirma que Jair Bolsonaro é um desqualificado desprovido de competência e estofo para ocupar cargo de tamanha relevância e responsabilidade. Além disso, o presidente flerta diuturnamente com o retrocesso e o obscurantismo, o que de chofre configura atentado à democracia e ao Estado de Direito.
Há dias, este portal publicou matéria afirmando que os generais palacianos tentariam de alguma maneira blindar Bolsonaro até 31 de dezembro próximo, deixando-o após essa data à própria sorte. Isso porque na segunda metade do governo não há necessidade de realização de nova eleição diante da vacância do cargo de presidente da República.
A ideia é levar esse desgoverno até lá, abrindo caminho para que o vice Hamilton Mourão assuma o posto, já que há na Câmara dos Deputados ao menos três pedidos de impeachment contra Bolsonaro, que ao longo dos últimos quinze meses incorreu em diversos crimes de responsabilidade.
No momento em que Bolsonaro recua em uma decisão por força da pressão exercida pelos generais palacianos, não é errado concluir que: 1) o atual presidente da República transformou-se em fantoche dos militares, uma espécie de “Rainha da Inglaterra”; 2) a matéria do UCHO.INFO, apesar das críticas recebidas, não poderia ser mais autêntica e verdadeira; 3) uma eventual renúncia de Bolsonaro ganha força nos bastidores; 4) por razões hierárquicas, general não acata ordem de capitão; 5) o Brasil corre o risco de ser “engolido” por nova ditadura militar.