O Fundo Monetário Internacional (FMI) apontou que o Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil deve recuar 5,3% em 2020, em meio aos impactos negativos da pandemia do novo coronavírus. A previsão faz parte do relatório “Panorama Econômico Mundial”, publicado nesta terça-feira (14).
Se a previsão se confirmar, será a maior retração desde 1962, quando teve início a série histórica disponibilizada pelo Banco Central. A retração seria maior até do que a de 1981, a pior da série, quando o PIB brasileiro teve queda de 4,39%.
Em janeiro, antes de a pandemia atingir proporções globais, o FMI havia previsto que o PIB brasileiro poderia crescer 2,2%. No último domingo (12), o Banco Mundial já havia divulgado uma estimativa semelhante, prevendo que o Brasil deve sofrer retração econômica da ordem de 5%.
Já o Banco Central trabalha com estimativas menos pessimistas. O último Boletim Focus, que apresenta expetativas do mercado financeiro, publicado no dia 9 de abril, prevê retração econômica de 1,96%. Por outro lado, o FMI prevê crescimento de 2,9% para o Brasil em 2021, uma estimativa 0,6 ponto maior do que a da previsão de janeiro.
O Fundo também divulgou suas projeções para o desemprego no Brasil, apontando que a taxa deve chegar a 14,7% em 2020. Entre dezembro e fevereiro, a taxa oficial foi de 11,6%, segundo dados do IBGE.
Pior cenário desde a Grande Depressão
O FMI também apontou que a economia global deve sofrer uma retração de 3% em 2020 em razão da pandemia. A crise deve ser grave nos países desenvolvidos, que devem registrar, em média, uma retração de 6,1%.
A Alemanha, por exemplo, deve sofrer uma retração de 7% no seu PIB. Os EUA, de 5,9%. A Itália, um dos países mais afetados pela covid-19 no mundo, deve sofrer uma queda de 9,1%. No entanto, o relatório aponta previsão de crescimento de 5,2% na Alemanha em 2021. Na Itália, 4,8%.
Já os países emergentes, grupo do qual o Brasil faz parte, vão, em média, sofrer uma retração, de 1%. Neste grupo, apenas o México e a África do Sul devem registrar resultados piores do que o Brasil, aponta o FMI, com retração de 6,6% e 5,8%, respectivamente.
O Brasil também deve registrar uma retração levemente pior do que a média da América Latina e do Caribe. As duas áreas devem, em média, sofrer um encolhimento de 5,2% na economia.
Na América do Sul, a retração brasileira só não deve ser pior do que a da Venezuela, Argentina e Equador. A Argentina deve encolher 5,7%. O Equador, 6,3%. Já a Venezuela, que há anos sofre com uma contínua decadência da sua economia, mesmo antes do coronavírus, deve encolher espantosos 15% em 2020, segundo o FMI. Ao contrário de todos os outros países da América do Sul, a Venezuela não deve nem mesmo registrar um crescimento tímido em 2021, voltando a encolher 5%.
“É muito provável que neste ano a economia global vai passar pela pior recessão desde a Grande Depressão, superando aquela vista durante a crise financeira mundial há uma década. A Grande Paralisação, podemos chamá-la assim, deve encolher o crescimento global dramaticamente”, aponta o relatório do FMI.
Na apresentação do texto, a economista-chefe do fundo, Gita Gopinath, disse que medidas fiscais, monetárias e financeiras serão necessárias para lidar com os impactos econômicos negativos da pandemia. (Com agências internacionais)