Populista, Trump suspende financiamento à OMS sob a alegação de que entidade tem viés favorável à China

Assim como Jair Bolsonaro, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, está preocupado com seu projeto de reeleição e tenta sair da crise do novo coronavírus com o menor ônus político possível. Ciente de que a corrida à Casa Branca, em novembro próximo, pode lhe trazer dissabores, Trump procura um bode expiatório para minimizar esse risco.

À sombra dessa estratégia populista, o presidente dos EUA anunciou nesta terça-feira (14) a suspensão do financiamento do país à Organização Mundial da Saúde (OMS), sob o argumento de que a entidade tem viés favorável à China. Ou seja, Trump, assim como Bolsonaro, insiste em politizar a tragédia provocada pelo vírus SARS CoV-2, causador da Covid-19.

De acordo com Donald Trump, o financiamento à OMS permanecerá suspenso enquanto o governo americano analisa a resposta da entidade à pandemia. A asa Branca entende que a OMS demorou a adotar uma postura firme e decisiva em relação à decretação do status de pandemia.

O republicano argumentou que os EUA são aportam na OMS cerca de US$ 400 milhões, enquanto a China, segundo o próprio Trump, contribui com apenas US$ 40 milhões. O orçamento anual da OMS é de US$ 4,8 bilhões.

“Hoje, determino a suspensão do financiamento da Organização Mundial da Saúde enquanto se realiza um estudo para examinar o papel da OMS na má gestão e no encobrimento da pandemia do coronavírus”, declarou Trump durante sua entrevista coletiva diária, enquanto defendia a gestão do próprio governo para a crise da Covid-19 no país.

 
Que Donald Trump é um governante bufão que não perde uma oportunidade sequer para se colocar em evidência e “vender” a falsa ideia de que é o último dos gênios da raça o mundo já sabe, mas exaltar as ações do próprio governo no combate ao novo coronavírus é excesso de hipocrisia.

Para os adversários e críticos de Donald Trump, sua decisão em relação à OMS tem como objetivo desviar o foco da sua má-gestão da crise do novo coronavírus. Durante semanas após o início da epidemia da Covid-19, o presidente americano rasgou elogios à resposta de Pequim à pandemia e subestimou o perigo que a doença representava no próprio território.

O senador democrata Chris Murphy, integrante da Comissão de Relações Exteriores do Senado, disse nesta terça-feira que, sem desconsiderar eventuais erros da OMS e da China, Trump tenta a todo custo eximir seu governo de qualquer responsabilidade sobre milhares de mortes que não teriam acontecido caso medidas fossem adotadas com antecedência.

“Nesse momento, há um esforço muito coordenado entra a Casa Branca e seus aliados para tentar encontrar bodes expiatórios pelos erros fatais que o presidente cometeu nos estágios iniciais dessa crise”, disse Murphy.

O cenário da Covid-19 nos Estados Unidos – 580 mil casos confirmados da doença e mais de 25 mil mortos – é fruto da forma desdenhosa como Trump tratou a pandemia em seus primórdios. O presidente americano chegou a abusar do deboche ao falar sobre o coronavírus, mas pressionado pelo renomado imunologista Anthony Fauci, consultor da Casa Branca, mudou de postura ao perceber que se nada fosse feito com a necessária seriedade a tragédia seria imensurável.

Trump e Fauci chegaram a viver momentos de tensão na sede do governo americano, pois o imunologista não abriu mão de defender a ciência, mas o presidente só mudou de rumo porque seu interesse maior é a reeleição.