União Europeia, China e Rússia condenam decisão de Trump de suspender apoio à OMS

 
A decisão do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, de suspender o apoio financeiro de seu país à Organização Mundial da Saúde (OMS) gerou uma onda de críticas de governos e especialistas em todo o mundo. Muitos consideram que o americano, que inicialmente minimizou o perigo representado pelo novo coronavírus, apenas prejudica os esforços globais para combater a pandemia da Covid-19 ao atribuir culpa à agência da ONU.

O porta-voz do Ministério chinês do Exterior, Zhao Lijian, afirmou que a atitude de Trump “enfraquece a capacidade da OMS e prejudica a cooperação internacional” em um “momento crítico” no combate à pandemia. “Isso afetará os países de todo o mundo, inclusive os Estados Unidos, mas especialmente, aqueles com capacidades mais frágeis”, alertou.

O vice-ministro do Exterior da Rússia, Serguei Ryabkov, disse que a atitude de Trump é egoísta. “É a manifestação de uma abordagem muito egoísta das autoridades americanas em relação ao que está acontecendo no mundo”, afirmou.

A porta-voz do governo da França, Sibeth Ndiaye, disse que seu país lamenta a decisão americana. Ela expressou a posição do governo francês após uma reunião do gabinete do presidente Emmanuel Macron, no qual foi aprovado um pacote de 110 bilhões de euros para resguardar a economia francesa do impacto gerado pela pandemia.

 
A primeira-ministra da Nova Zelândia, Jacinda Ardern, afirmou que a OMS é essencial para o combate à pandemia. “Em um momento como esse precisamos compartilhar informações e de aconselhamento no qual possamos confiar, e a OMS vem nos fornecendo isso”, observou. “Continuaremos a apoiá-la e a dar a nossa contribuição.”

O primeiro-ministro australiano, Scott Morrison, disse simpatizar com as críticas de Trump à OMS, especialmente, segundo afirmou, no apoio da entidade à reabertura dos mercados chineses, onde animais vivos e mortos são comercializados livremente. Ainda assim, observou que “a OMS, como organização, faz muitos trabalhos importantes, inclusive aqui na região do Pacífico, e nós trabalhamos em estreita colaboração com eles”, disse o premiê.

O secretário-geral da ONU, António Guterres, ressaltou que esta não é a ocasião adequada para medidas que reduzam os recursos da OMS. “Esse é o momento para união e para a comunidade internacional trabalhar em conjunto para deter o vírus e suas desastrosas consequências”, afirmou.

O diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus, não comentou a decisão do governo americano, preferindo ressaltar que o objetivo da entidade está em salvar vidas. “Não há tempo a perder. O foco único da OMS é trabalhar para servir a todas as pessoas, salvar vidas e deter a pandemia de Covid-19”, declarou em seu perfil no Twitter.

Os Estados Unidos são o país com o maior número de vítimas da pandemia da Covid-19, com mais de 26 mil mortos. (Com agências internacionais)