Morte de Flávio Migliaccio deixa “a cultura teatral mais pobre”, diz o ator Ary Fontoura

O ator Flávio Migliaccio, 85 anos, morreu nesta segunda-feira (4) no sítio que mantinha desde a década de 1970 na Serra do Sambê, em Rio Bonito (RJ). Migliaccio foi encontrado sem vida por um funcionário da propriedade e a morte está sendo apurada pelas autoridades policiais.

Flávio nasceu em 15 de outubro de 1934, no bairro paulistano do Brás. Seu primeiro papel como ator foi no teatro, nos anos 1950, ocasião em que encorajou a irmã Dirce Migliaccio (1933-2009) a acompanhá-lo nos palcos. Dirce fez muito sucesso como Emília, do “Sítio do pica-pau amarelo”, e também como a Judiceia Cajazeira, de “O Bem-Amado”, novela de Dias Gomes e exibida pela TV Globo.

Seu primeiro grande papel na televisão foi “Xerife”, na novela “O primeiro amor”, em 1972. Diante do sucesso do personagem, no mesmo ano surgiu seriado “Shazan, Xerife e Cia”, que Migliaccio na companhia do também ator Paulo José.

Ele também fez grande sucesso com o público infantil, herança de sua popularidade com o personagem Tio Maneco. Em 1971, o filme “Aventuras com Tio Maneco”, estrelado e dirigido pelo ator, foi vendido para mais de 30 países.

Flávio Migliaccio fez mais de 30 novelas, entre elas “O Astro” (1977), “Rainha da sucata” (1990), “A próxima vítima” (1994), “Vila Madalena” (1999), “Senhora do destino” (2004), “América” (2005) e “Sete pecados” (2007), “Passione” (2010) e “Êta! Mundo bom” (2017). Em 2019, o ator interpretou o imigrante Mamede na novela “Órfãos da terra”, da TV Globo.

Também em 2019, Migliaccio participou da minissérie “Hebe”, atuando ao lado de Andréa Beltrão, que interpretou a apresentadora Hebe Camargo, morta em 2012.

 
Repercussão

A morte de Flávio Migliaccio levou diversos artistas a prestarem homenagens ao ator. “Acho que os personagens dele eram cheios de vitalidade, alegres, aventureiros”, escreveu o músico Luiz Thunderbird, no Twitter.

O ator Ary Fontoura disse ao Jornal Hoje, da Rede Globo, que a morte de Migliaccio deixou “a cultura teatral mais pobre” e agradeceu ao amigo pelos trabalhos no teatro, cinema e na televisão. Assim como Fontoura, a atriz Nicette Bruno disse ao Jornal que o artista se destacava na profissão e que tinha o humor como um diferencial.

“Flávio era assim, visionário, louco, gentil e rabugento. Juntos fizemos a comédia infanto-juvenil ‘Os Porralokinhas’, na Chapada dos Guimarães”, disse o ator Lúcio Mauro Filho. “Mesmo quando estávamos no set ralando (põe ralação nisso!), ele sempre me divertia com suas histórias”, completou Lúcio.

“Um dos maiores atores que portava o lindo vírus de representar o nosso Brasil com ‘s’. Estamos profundamente enlutados. Hoje, Aldir Blanc e ele se foram. Nada a fazer a não ser chorar em honra a eles, ouvindo Aldir, e revendo Flávio”, disse o ator Matheus Nachtergaele, relembrando o músico Aldir Blanc, que também morreu nesta segunda-feira (4).

O dramaturgo e diretor Walcyr Carrasco relembrou a participação do artista na novela “Êta Mundo Bom”, da qual é autor, e desejou “força para toda a família e amigos” de Migliaccio.