Em decisão unânime, Copom faz novo corte na taxa de juro e Selic chega à marca histórica de 3% ao ano

O Comitê de Política Monetária do Banco Central (Copom) reduziu, nesta quarta-feira (6), a taxa básica de juro, Selic, em 0,75 ponto percentual. Em decisão unânime e na esteira da sétima redução consecutiva, a Selic passou de 3,757% para 3% ao ano.

A decisão renovou o menor patamar histórico para a Selic desde 1999, quando entrou em vigor o regime de metas para a inflação. Analistas do mercado financeiro esperavam corte menor e apostavam que a taxa ficaria em 3,25%. Um reduzido número de economistas acreditou em corte mais agressivo, que acabou se concretizando.

No comunicado, o Copom avalia que “neste momento a conjuntura econômica prescreve estímulo monetário extraordinariamente elevado”. Ressalta o Comitê que avalia nova redução da Selic para a próxima reunião.

“Para a próxima reunião, condicional ao cenário fiscal e à conjuntura econômica, o Comitê considera um último ajuste, não maior do que o atual, para complementar o grau de estímulo necessário como reação às consequências econômicas da pandemia da Covid-19”, afirma o Copom.

Contudo, o Copom ressalva que “novas informações sobre os efeitos da pandemia, assim como uma diminuição das incertezas no âmbito fiscal, serão essenciais para definir seus próximos passos”.

Cenário econômico

A decisão do Copom foi tomada em um ambiente de forte queda da atividade econômica global, provocada pela pandemia do novo coronavírus, o que acabou provocando queda no consumo e a consequente redução dos índices de inflação.

Diante desse cenário, o Fundo Monetário Internacional (FMI) prevê que a pandemia levará a economia global a uma queda de 3% em 2020, o pior desempenho desde a crise de 1929.

Para o Brasil, as previsões do FMI e do Banco Mundial são de retração econômica superior a 5% neste ano. No contraponto, economistas do mercado financeiro estimam redução de 3,7%, mas há quem garanta que o recuo será maior do que o previsto pelos dois organismos internacionais.

O mercado financeiro prevê que o IPCA, que mede a inflação oficial, ficará em 1,97% neste ano, ou seja, abaixo do piso de 2,5% previsto pelo sistema de metas do Banco Central. De acordo com as regras atuais, o IPCA pode oscilar de 2,5% a 5,5% sem que a meta seja descumprida.