Apesar de novo recorde de mortes pela Covid-19, Bolsonaro volta a defender retomada da economia

 
Quando o UCHO.INFO afirma que o presidente da República, Jair Bolsonaro, é movido pela delinquência intelectual, não se trata de figura de retórica, mas de constatação dos fatos diante das atitudes e declarações de um governante lunático que contraria a ciência apenas para dar vazão ao populismo e escamotear a própria incompetência.

Quando o respeitadíssimo jurista Miguel Reale Júnior sugeriu que fosse realizado com urgência um exame de sanidade mental em Bolsonaro, o professor de Direito das Arcadas (Faculdade de Direito do Largo São Francisco, em São Paulo) não poderia ter sido mais certeiro, pois torna-se evidente a cada dia que o presidente da República perdeu as condições mínimas para decidir o futuro da nação.

No dia em que o Brasil alcança a marca recorde de 751 mortes pela Covid-19, ocupando o segundo lugar no ranking de óbitos diários em decorrência da pandemia do novo coronavírus, atrás apenas dos Estados Unidos, Bolsonaro volta a insistir em declarações absurdas e desconectadas da realidade. Nesta sexta-feira (8), o presidente voltou a defender a retomada da economia ao dizer “Se dependesse de mim, grande parte já estaria trabalhando”.

“Sabe que a decisão de fechar o comércio é dos governadores e prefeitos, não é minha. Se fosse minha, eu teria uma posição um pouco diferente da que eles estão tomando aí. Se dependesse de mim, grande parte já estaria trabalhando. Outra grande parte não teria deixado de trabalhar”, disse Bolsonaro a apoiadores que o aguardavam em frente ao Palácio da Alvorada.

 
Bolsonaro negou que tenha assinado decreto para ampliar mais uma vez a lista de atividades essenciais, mas disse que aguarda sugestões para fazer novas inclusões. Ele aproveitou a ocasião para, como sempre, investir contra a imprensa e, em tom de deboche, disse que retiraria os jornalistas da lista de atividades essenciais.

O presidente desrespeita as famílias brasileiras ao transformar as mortes pela Covid-19 em palanque eleitoral de seu projeto de reeleição, que, a depender do andar da economia, poderá ir a pique muito antes da corrida presidencial de 2022. Com essas declarações acintosas, Bolsonaro, que cada vez mais expõe ao mundo sua irresponsabilidade genocida, tenta criar zonas de conflito com governadores e prefeitos que adotaram medidas drásticas para combater a pandemia. Seus alvos principais são os governadores João Dória Júnior (SP) e Wilson Witzel (RJ), potenciais adversários na próxima disputa pelo Palácio do Planalto.

Para emprestar aura de seriedade aos seus devaneios e rompantes totalitaristas, Bolsonaro costuma referir-se com certa insistência à necessidade de todos os Poderes cumprirem o que determina a Constituição Federal de 1998, apenas porque ele não aceita o contraditório nem ser tolhido em decisões marcadas por bizarrices.

Destarte, Bolsonaro, como devoto (sic) da Carta Magna, deveria saber que a lei máxima do País estabelece em seu artigo 5º (caput): “Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade.”

Sendo assim, o presidente deveria ser alertado por alguém por violar de forma flagrante e inequívoca a Constituição, uma vez que “inviolabilidade do direito à vida” tem sentido amplo e não pode ser ignorado por quem quer que seja, muito menos pelo chefe do Executivo. Mesmo assim, disposto a continuar colocando a vida dos brasileiros em perigo, Bolsonaro fará um churrasco no sábado para 30 convidados, na residência oficial da Presidência. É preciso que alguém pare esse lunático, antes que seja tarde demais!