“The Good Doctors are gone” (Os bons doutores foram embora)

(*) Gisele Leite

Mais uma vez, o Ministério da Saúde tão importante para o Brasil, nesse momento de pandemia de Covid-19, é dilacerado por falta de gestão, coesão ou alinhamento.

O Presidente que ousa prescrever publicamente a cloroquina e, prover mutações jurídicas através de sua verve legislativa crescentemente ativa. Evidentemente, não há como compatibilizar os conhecimentos da Medicina com as necessidades políticas da Presidência da República.

Afinal, quer impor a todo custo o isolamento vertical e banir o isolamento horizontal e outras medidas como lockdown (fechamento total) permitindo apenas atividades e serviços essenciais. Lembre-se que os acréscimos recentes ao rol de atividades e serviços essenciais fora alterado e não fora acatado pela maioria dos Estados e municípios brasileiros.

Nelson Teich saiu do Ministério e, em futura coletiva de imprensa haverá a tentativa de esclarecer a exoneração.

Exatamente quando Teich anunciou sua demissão, o Presidente estava participando de campanha de conscientização contra a violência doméstica feita pelo Ministério da Mulher e da Família. Ainda bem que Damares Alves não se pronunciou no evento.

Isso nos recorda uma brincadeira infantil chamada de “dança das cadeiras”, sentava-se justamente quando cessava a música.

Desde o início foi a defesa das recomendações dadas pela OMS para frear a proliferação da virose no país que contrariou ferozmente Bolsonaro que mostra-se como fervoroso defensor do retorno imediato das atividades econômicas e, que o país não pode parar, sendo apenas necessário (segundo a nada douta opinião) o mero isolamento de apenas parcela da população (idosos e doentes de risco).

O Presidente seguindo seu instinto herdado da velha teoria da conspiração acredita que os governadores decretaram as medidas de isolamento horizontal unicamente para promover o fracasso econômico de seu governo e, enfim, impedir sua futura recondução ao cargo.

Evidentemente, mais uma vez, presenciamos boquiabertos ao festival de falta de gestão e de falta de logística que afetam a saúde pública que não dispõe de leitos de UTIs adequados e de respiradores.

Outro fato tenebroso é a falta de EPIs (equipamentos de proteção individual) para os profissionais de saúde (o que inclui certamente médicos, enfermeiros, auxiliares e toda equipe necessária para manutenção de funcionamento das unidades médicas) assim, registramos baixas significativas de profissionais indispensáveis ao combate ao Covid-19.

A falta de teste para Covid-19 é outro fator preocupante e, já existe recentemente descoberto um teste sorológico produzido pela Abbot que apresenta cerca de 99% de certeza. Sendo capaz de identificar a proteína IGg nos pacientes que contraíram o vírus e conseguiram curar-se.

Deverá ser alterado, em breve, protocolo do Conselho Federal de Medicina para começar liberar o uso da cloroquina, é o que afirma o Presidente, apontando que se trata de direito do paciente.

Ressalte-se que não há até o presente momento comprovação científica da eficiência do medicamento e, há sérios efeitos colaterais advindos do uso do medicamento.

Cogitam os bastidores sobre os nomes mais cotados para ocupar (o lugar na frigideira), digo: Ministério da Saúde é Osmar Terra ou, então, alguns dos castrenses que orbitam em torno do atual governo.

Afinal, Osmar Terra tem francamente informado a mídia de que a quarentena não tem impacto algum. Isso sem contar, que é também defensor da cloroquina. Prometeu até que seu próximo pet, terá esse nome!

O mesmo insigne médico afirma que não confia nas pesquisas da Fiocruz, não obstante, a referida renomada fundação apresentar sério trabalho científico respeitado pelo mundo inteiro.

Enfim, nunca o latim foi tão útil: Alea jacta est. A sorte está lançada. Mas, o bom doutor se foi. Não percamos a esperança, pois apesar de tanto desgoverno, a transmissão comunitária vai cessar e, todo esse isolamento cessará também e, em breve, retornaremos às rotinas triviais. Apesar de que seremos repaginados em certos aspectos e cuidados. O brasileiro é antes de tudo um forte.

(*) Gisele Leite – Mestre e Doutora em Direito, é professora universitária.

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