Ações de Bolsonaro levam Comissão da Câmara dos EUA a rejeitar novos acordos comerciais com o Brasil

 
A política externa do governo Bolsonaro continua fazendo estragos e prejudicando economicamente o Brasil. De igual modo, a nauseante subserviência do presidente Jair Bolsonaro à Casa Branca tem servido para nada, a não ser para alimentar o ego de um paranoico direitista que, ameaçando a democracia e o Estado de Direito, acredita que solucionará todos os problemas do País.

Em mais uma derrota no cenário internacional, Bolsonaro foi dormir na esteira da péssima decisão tomada pela Comissão de Orçamento e Tributos (Ways and Means) da Câmara dos Representantes dos Estados Unidos. Em ação inédita, os 24 parlamentares democratas da Comissão comunicaram à Casa Branca que “têm fortes objeções à busca de qualquer acordo comercial ou à expansão de parcerias comerciais com o Brasil do presidente Jair Bolsonaro”.

A decisão foi comunicada por carta enviada ao representante comercial da Casa Branca, Robert Lighthizer, que informou a decisão ao presidente Donald Trump, que por sua depende da autorização da referida Comissão para negociar acordo comerciais conhecidos como “fast tracks”. Do contrário, Trump precisa que acordos comerciais sejam referendados pelo Congresso norte-americano.

Na carta endereçada a Lighthizer, o presidente da Comissão de Orçamento e Tributos, deputado Richard Neal, e seus colegas de partido elencaram as razões que motivaram a decisão de redigir o documento.

De acordo com Neal e os companheiros de legenda, Lighthizer revelou, em maio passado, após conversa com o chanceler brasileiro, Ernesto Araújo, seu desejo de intensificar a parceria econômica com o Brasil, com direito a um processo de simplificação do comércio e “boas práticas regulatórias”. De tal modo, cumprindo o que determina a legislação americana, Robert Lighthizer disse que consultaria o Congresso.

 
“Em resposta, nós julgamos importante enumerar as razões pelas quais consideramos inapropriado que a administração abra discussões sobre parcerias econômicas de qualquer tipo com o líder brasileiro que desrespeita o estado de direito e ativamente desmantela árduas conquistas de direitos civis, humanos, ambientais e trabalhistas”, escreveram os deputados democratas.

O documento não para por aí e destaca que o governo Bolsonaro, por meio de declarações do presidente brasileiro e de ações polêmicas, demonstra “completo desrespeito por direitos humanos básicos, pela necessidade de se proteger a Floresta Amazônica, os direitos e a dignidade dos trabalhadores e mantém práticas econômicas anticompetitivas”.

Segundo os democratas, como assinalado na carta, tais condições demonstram que o Brasil sob o comando de Jair Bolsonaro “não pode ser considerado preparado para assumir novos padrões de direitos trabalhistas e de proteção ambiental previstos no acordo EUA-México-Canadá”.

A decisão dos deputados da Comissão de Orçamento e Tributos da Câmara dos EUA é uma péssima notícia para o agronegócio brasileiro, que tem peso preponderante na balança comercial verde-loura por conta das exportações.

É importante ressaltar que se o mencionado cenário pesou contra o Brasil, a situação pode piorar sobremaneira caso o democrata Joe Biden vença a eleição presidencial americana, em novembro próximo. Com Donald Trump enfrentando uma onda de protestos que surgiu no vácuo do assassinato de George Floyd, a chance de Biden vencer a corrida à Casa Branca é grande. Principalmente se levarmos em conta que o principal cabo eleitoral de Biden é ninguém menos que Barack Obama.

No momento em que o Brasil precisa impulsionar a economia, como forma de enfrentar os efeitos colaterais da pandemia do novo coronavírus, o governo Bolsonaro consegue a proeza de fechar portas mundo afora. Na quarta-feira (3), o Parlamento holandês rejeitou a ratificação do acordo comercial entre o Mercosul e a União Europeia por causa dos desmatamentos na Amazônia.