Temendo protestos contra o governo, Bolsonaro chama manifestantes de “idiotas, marginais e viciados”

 
Jair Bolsonaro, o presidente da República, é um populista barato que recorre à delinquência intelectual para manter intacta a horda de apoiadores. Como todo adepto do totalitarismo, Bolsonaro não aceita ser contrariado, por isso inventa falácias para desqualificar os opositores. Com as manifestações antifascistas tirando o sono dos integrantes do núcleo duro do governo, o presidente voltou a atacar os manifestantes, chamando-os de “idiotas, marginais e viciados”.

Em sua enfadonha e semanal transmissão ao vivo pela internet, o presidente pediu aos seus apoiadores que deixem de ir às ruas no próximo domingo (7), quando estão programadas manifestações contra o governo em diversas cidades do País.

“Domingo, o pessoal de verde e amarelo, que é patriota, que pensa no seu país, que é conservador, esses que trabalham, que são liberais, que acreditam que o Brasil pode ficar melhor pelo trabalho… Não é ficar em casa, não. Não vá, não compareçam a esse movimento, que esse pessoal não tem nada a oferecer para nós. Bando de marginais. Muitos ali são viciados. Outros ali têm costumes que não condizem com a maioria da sociedade brasileira. Eles querem o tumulto, querem o confronto”, disse Bolsonaro.

Quem cultiva a política do confronto é o próprio presidente, que tenta intimidar os críticos do governo com insinuações das mais diversas, como interferência das Forças Armadas e liberação de armas para a pulação, que, segundo Bolsonaro, é uma forma de preservar a democracia. Essa “pérola” totalitarista foi vociferada durante a fatídica reunião ministerial de 22 de abril, que não verdade não passou de um encontro de cafajestes, respeitadas as raríssimas exceções.

“Mais importante que a sua vida é a sua liberdade. Esse pessoal quer roubar a sua liberdade. Esse pessoal não tem nada a oferecer para você. Se você pegar cem desses aí, a maioria é estudante. Se você pegar e aplicar a prova do Enem neles, acho que ninguém tira cinco. Não sabem interpretar um texto, não sabem nada. São uns idiotas que não servem para nada”, afirmou Bolsonaro.

Em outro trecho da transmissão, Bolsonaro externou sua preocupação com a possibilidade real de as manifestações ganharem força em todo o País e servirem de impulso para pedidos de impeachment que continuam parados na Câmara dos Deputados, à espera da assinatura do presidente da Casa legislativa, Rodrigo Maia (DEM-RJ).

 
“Agora, não vou dar conselho para pai nenhum, porque eu sou pai. Filho da gente pode errar. Mas, quem for possível exercer o controle em cima dos filhos, exerça para não deixar o filho participar de um movimento como esse. Alguns vão dizer que eu estou cerceando a liberdade… Isso não é liberdade de expressão, o cara vai para o quebra-quebra. E vai ter muito garoto desse usado como massa de manobra, idiota útil. Vai estar lá a comando de um agitador profissional. Fez curso fora do Brasil. Olha o que fizeram no Chile”, disse Bolsonaro.

O editor do UCHO.INFO, que em diversas ocasiões cobriu manifestações e conhece os bastidores os respectivos bastidores, afirma que pessoas são infiltradas nos grupos de protesto para promover depredações e desqualificar os movimentos contrários ao governo. E que ninguém pense que esse tipo de ação não está acontecendo, pois na manifestação do último domingo (31), na Avenida Paulista, na cidade de São Paulo, este portal identificou bolsonaristas infiltrados.

O presidente também lamentou durante a transmissão não ter conseguido enquadrar como terroristas movimentos como o MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra). “Na verdade, são terroristas. Lamentamos não conseguir tipificar como terrorismo suas ações no passado porque isso veio da época do governo Dilma e botaram uma vírgula dizendo que exceto os grupos sociais. Ou seja, se nós três aqui [presentes na live] tocarmos fogo num avião, isso é terrorismo. Mas se formos tocar fogo no avião e falarmos que somos do MST, por exemplo, não tem problema nenhum”, disse Bolsonaro.

“Pessoal, domingo, ninguém comparece, é um pedido meu, neste evento. Vamos ficar ligados que este pessoal do antifas [antifascistas], o novo nome dos ‘black blocs’, quer roubar a tua liberdade”, insistiu Jair Bolsonaro, que não sabe mais o que inventar para conter um movimento que tende a crescer ainda mais depois de vencida a pandemia da Covid-19.

No contraponto, líderes de partidos do Senado Federal assinaram documento conjunto em que solicitam aos manifestantes que respeitem as regras de isolamento em razão da pandemia do novo coronavírus e não saiam às ruas.

É preciso respeitar as regras de isolamento para evitar o impulsionamento do número de casos da doença, pois o Brasil é o terceiro país com o maior número de mortes pelo novo coronavírus. Nas últimas 24 horas, 1.473 novos óbitos em decorrência da Covid-19 foram registrados no País, totalizando 34,021 vidas perdidas em razão da doença. A Itália, que foi um dos epicentros da pandemia, registrou até o momento 33.689 mortes. Nesse tétrico ranking, o Brasil está atrás apenas de Reino Unido, com 39.904 mortes, e dos Estados Unidos, 110.144, de acordo com dados oficiais de cada nação.

Novo coronavírus à parte, Bolsonaro é um totalitarista convicto que não perde uma só oportunidade de atentar contra a democracia e o Estado de Direito, não apenas porque deseja continuar no poder, mas pela necessidade de blindar os filhos, alvos de investigações que podem, a qualquer momento, culminar em ações penais. É preciso conter o presidente da República o quanto antes, pois o Brasil não pode retroceder no tempo e reviver a era plúmbea.