Com sintomas semelhantes aos da Covid-19, Bolsonaro faz exames e cancela agenda da semana

 
O presidente Jair Bolsonaro cancelou diversos compromissos agendados para esta semana, incluindo a reunião ministerial, por causa de uma indisposição, que, segundo ministros palacianos, revelou sintomas semelhantes aos das Covid-19. Entre os compromissos cancelados, estão alguns com a participação de parlamentares da base de aluguel do governo, como, por exemplo, uma viagem oficial à Bahia.

De acordo com a agenda oficial desta segunda-feira (6), o presidente despachou normalmente e reuniu-se com seis ministros: Paulo Guedes (Economia), Walter Braga Netto (Casa Civil), Augusto Heleno (Gabinete de Segurança Institucional), Luiz Eduardo Ramos (Secretaria de Governo), Jorge Oliveira (Secretaria-Geral) e Levi Mello do Amaral Júnior (Advocacia-Geral da União).

O presidente da República retornou ao Palácio da Alvorada após realizar exames no Hospital das Forças Armadas, em Brasília. Há instantes, o jornalista Leandro Magalhães, da CNN Brasil, publicou informações, atribuídas ao próprio Bolsonaro, de que o quadro de sintomas é mesmo de coronavírus. Bolsonaro disse que está com 38°C de febre, 96% de taxa de oxigenação no sangue e fazendo uso de hidroxicloroquina, informou o jornalista.

“Eu vim do hospital, fiz uma chapa do pulmão e tá limpo. Vou fazer exame do Covid agora pouco, mas está tudo bem”, disse Bolsonaro a apoiadores na entrada da residência oficial da Presidência da República.

O resultado do teste para Covid-19 deve sair na terça-feira, perto do meio-dia. De acordo com o presidente, um exame de ressonância magnética dos pulmões não apresentou qualquer complicação.

 
Negacionismo e deboche

Desde o início da crise do novo coronavírus no Brasil, Bolsonaro tem classificado como sensacionalismo as notícias sobre a Covid-19 e “histeria” as medidas adotadas por governadores e prefeitos para combater a doença que já matou mais de 65 mil pessoas em todo o País.

“Temos, no momento, uma crise, uma pequena crise. No meu entender, muito mais fantasia, a questão do coronavírus, que não é isso tudo que a grande mídia propala”, disse o presidente em 10 de março.

“Esse vírus trouxe uma certa histeria e alguns governadores, no meu entender, estão tomando medidas que vão prejudicar e muito a nossa economia”, afirmou Bolsonaro em 17 de março.

Em 20 de março, à sombra de novo discurso irresponsável e negacionista a respeito da Covid-19, Jair Bolsonaro voltou a politizar a crise provocada pelo vírus SARS-CoV-2: “Depois da facada, não vai ser uma gripezinha que vai me derrubar”.

Em 24 de março, na tentativa de minimizar o estrago feito pela pandemia de Covid-19, Bolsonaro buscou passar aos apoiadores a imagem de um super-herói imune ao coronavírus e de novo desdenhou a doença: “Pelo meu histórico de atleta, caso fosse contaminado pelo vírus, não precisaria me preocupar. Nada sentiria. Ou seria, quando muito, acometido de uma gripezinha ou resfriadinho. (…) Algumas poucas autoridades, estaduais e municipais, devem abandonar o conceito de terra arrasada, a proibição de transportes, o fechamento do comércio e o confinamento em massa”.

Questionado, em 28 de abril, sobre o avanço da Covid-19 no Brasil e a disparada no número de mortes pelo novo coronavírus, Jair Bolsonaro abusou do deboche e da insensatez: “E daí? Lamento. Quer que eu faça o quê? Eu sou Messias, mas não faço milagre”.

Agora, mesmo admitindo a possibilidade de ter contraído Covid-19, Bolsonaro parou à porta do Palácio da Alvorada para conversar com apoiadores que o aguardavam, O presidente usava máscara de proteção e pediu para que as pessoas reunidas no local não se aproximassem. “Não pode chegar muito perto não, tá. Recomendação para todo mundo.”

Em seguida, o chefe do Executivo se deixou fotografar ao lado um apoiador que tirou a máscara de proteção. Questionado sobre a atitude, Bolsonaro negou que tenha concordado com a decisão do apoiador de não usar máscara. “Tirou porque quis”, disse o presidente.