Flávio Bolsonaro refaz o discurso e admite que Queiroz pagou suas contas com dinheiro em espécie

 
O “castelo de mentiras” que abriga o escândalo das malfadadas “rachadinhas” começa a desmoronar lentamente, depois de vários depoimentos dos envolvidos negando participação no esquema criminoso que teve lugar na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj).

Esse introito serve para ilustrar o fato de que o senador Flávio Bolsonaro (Republicanos-RJ), que sempre gazeteou probidade e inocência, admitiu, em entrevista ao jornal “O Globo”, que o ex-assessor parlamentar Fabrício Queiroz pagou contas suas em dinheiro vivo. De acordo com o senador fluminense, os valores investigados pelo Ministério Público do Rio de Janeiro (MP-RJ) como “rachadinha” referem-se ao pagamento de contas pessoais, quitadas por por Queiroz, a mando dele e com dinheiro dele. Flávio negou qualquer ato ilícito.

Primogênito do presidente da República, Flávio Bolsonaro foi questionado na entrevista sobre o pagamento de despesas, como plano de saúde e mensalidades escolares das filhas. “Pode ser que, por ventura eu tenha mandado, sim, o Queiroz pagar uma conta minha. Eu pego dinheiro meu, dou para ele, ele vai ao banco e paga para mim. Querer vincular isso a alguma espécie de esquema que eu tenha com o Queiroz é como criminalizar qualquer secretário que vá pagar a conta de um patrão no banco. Não posso mandar ninguém pagar uma conta para mim no banco?”, disse o senador.

No tocante ao repasse de parte dos salários de servidores do seu gabinete para Queiroz, o senador disse que o ex-assessor já prestou depoimento ao MP, apontando que os recursos eram de funcionários da “equipe de rua” e que o montante era reinvestido na contratação de novos colaboradores para atuação em redutos políticos. “Sempre fui bem votado nesses locais. Talvez tenha sido um pouco relaxado de não olhar isso mais de perto, deixei muito a cargo dele. Mas é obvio que, se soubesse que ele fazia isso, jamais concordaria.”

 
Perguntado sobre o pagamento, feito pelo policial militar Diego Sodré de Castro Ambrósio, de um boleto referente a apartamento comprado por sua mulher, Flávio Bolsonaro disse que participava de um churrasco de comemoração de sua eleição e não dispunha do aplicativo do banco no celular. “Para eu não sair do evento e ir ao banco pagar, porque eu não tinha aplicativo no telefone, ele falou: ‘Deixa que eu pago aqui para você e depois você me dá o dinheiro’. Foi o que aconteceu”, disse o parlamentar.

Em dezembro de 2019, em vídeo, Flávio falou sobre o tema, mas não mencionou o tal churrasco: “Em uma única ocasião na minha vida, se eu não me engano, foi porque o banco já tinha fechado e eu não tinha o aplicativo no telefone na época. Pedi para ele pagar uma conta para mim, que era um boleto de uma parcela do apartamento que eu estava pagando. Ele pagou e depois eu reembolsei. Qual o problema nisso?”

Ao admitir que Fabrício Queiroz pagou suas contas pessoais em espécie, o senador fluminense abre um enorme flanco para o MP-RJ oferecer denúncia contra os envolvidos no esquema criminoso das “rachadinhas”. Além disso, Flávio terá de provar a origem do dinheiro usado para quitar suas contas pessoais.

Após tentar interromper as investigações ao longo de meses, Flávio Bolsonaro muda de estratégia e reconhece não apenas o pagamento das contas por Fabrício Queiroz e por um policial militar, mas também uma relação nada republicana com o ex-assessor, que por sua vez é ligado às milícias cariocas.

Essa mudança de estratégia pode ser decorrente da análise feita pelos novos responsáveis por sua defesa, que avaliaram o caso como um todo e concluíram ser menos gravoso enfrentar uma denúncia de caixa 2 do que outra de corrupção e crimes correlatos. A grande questão é saber até quando Fabrício Queiroz sustentará um discurso farsesco, rascunhado às pressas e sem revisão de um especialista em mitomania.

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