Em vez de criar força-tarefa para o teto de gastos, Guedes deveria retomar a reforma administrativa

 
Há muito o UCHO.INFO afirma que o ministro da Economia, Paulo Guedes, é um teórico conhecido que nem sempre alcança o sucesso no terreno da prática. A informação é de pessoas que trabalharam com Guedes muto antes de ele se tornar ministro do governo de Jair Bolsonaro.

Sem traquejo político, algo que ficou demonstrado nos embates que travou com o Parlamento, Paulo Guedes, é preciso reconhecer, aprendeu com rapidez a arte da fala visguenta e vazia que nunca se materializa. Quando assumiu a Economia, Guedes, que do presidente da República ganhou a alcunha de “Posto Ipiranga”, falou em privatizações e reformas, mas suas promessas perderam-se na linha do tempo. Ou seja, recorrendo ao bordão do treinador de futebol Adenor Leonardo Bachi, o Tite, o ministro da Economia “fala muito”.

Se a reforma da Previdência só foi aprovada em razão do esforço de deputados e senadores, a reforma administrativa sequer foi cogitada pelo Palácio do Planalto porque a cúpula do governo teme uma reação dos servidores federais, movimento que, se levado a cabo, pode interferir nas pretensões eleitorais de Jair Bolsonaro.

Enquanto a economia brasileira anda de lado, com direito a costumeiros passos para trás, Paulo Guedes se preocupa em criar uma força-tarefa com o objetivo de defender o teto de gastos. Quando se fala em teto de gastos automaticamente vem ao pensamento o corte de investimentos em setores cada vez mais carentes.

 
Uma das soluções para esse caótico cenário está na necessária reforma administrativa, já que o Estado destina o equivalente a 13,7% do Produto Interno Bruto (PIB) ao pagamento de servidores, o que representa algo em torno de R$ 930 bilhões anuais. No contraponto, os gastos com a Educação foram de 6% do PIB em 2019, ao passo que na Saúde foram de 4%.

Um levantamento feito pelo Instituto Millenium, do qual Guedes é um dos fundadores, apontou que 93% do orçamento público são destinados às despesas obrigatórias, sendo que 65% desse montante são consumidos por salários e aposentadorias de servidores federais, estaduais e municipais. Isso mostra que as reformas anunciadas, mas deixadas de lado, são absolutamente necessárias, enquanto a da Previdência penalizou apenas os trabalhadores comuns, da iniciativa privada, já que os servidores conseguiram manter o status quo.

A criação de uma força-tarefa para controlar o teto de gastos não passa de firula discursiva de um governo que ainda não mostrou a que veio e teme o funcionalismo. Na política brasileira há uma máxima que prega a discussão e a aprovação de reformas logo no primeiro ano do governo, quando a popularidade do governante ainda está em patamares confortáveis. Como a mais importante das reformas não foi tratada até o momento, não será a partir de agora que o assunto entrará na pauta de discussões.

Não é preciso graduação na Universidade de Chicago (EUA), onde Paulo Guedes cursou Economia, para perceber que não tem condições de sair do lugar um país cujo orçamento público tem 93% dos recursos comprometidos com despesas obrigatórias, a maior parte desse total por salários e aposentadorias de servidores. Tirar o Brasil do atoleiro econômico exige esforço de toda a sociedade, mas não se pode privilegiar uma casta que amedronta o Palácio do Planalto, enquanto o restante da população paga a conta. É importante lembrar que o UCHO.INFO por diversas vezes alertou para esse fato, mas os bolsonaristas imaginavam que o líder da seita era invencível. A conferir!

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