Escândalo das “rachadinhas” continua em ebulição, mas no Palácio do Planalto reina o silêncio obsequioso

 
O silêncio dos bolsonaristas diante dos escândalos envolvendo o presidente da República e seus familiares chega a ser intrigante, principalmente se considerado o fato que Jair Bolsonaro se elegeu à sombra do discurso de moralização da política e do combate à corrupção. Há dias, o UCHO.INFO publicou matéria destacando que os imbróglios envolvendo a família do presidente são tantos, que em um país razoavelmente sério o clã Bolsonaro há muito estaria afastado da política.

Na quarta-feira (12), matéria do jornal “Folha de S.Paulo” revelou que Nathália Queiroz, filha do ex-assessor parlamentar Fabrício Queiroz, transferiu para a conta bancária do pai R$ 150.539,41 , entre janeiro de 2017 e setembro de 2018, período em que esteve lotada no gabinete do então deputado federal Jair Bolsonaro. Na verdade, Nathália era “funcionária fantasma” de Bolsonaro, pois deveria dar expediente na Câmara dos Deputados, mas durante todo esse período atuou profissionalmente no Rio de Janeiro como “personal trainer”.

Promotores do Ministério Público fluminense, que investigam o escândalo das malfadadas “rachadinhas”, identificaram que Nathália Queiroz também transferiu para a conta bancária de Fabrício ao menos 82% de seus vencimentos no período entre dezembro de 2007 e dezembro de 2016, período em que esteve lotada no gabinete do agra senador Flávio Bolsonaro na Assembleia Legislativa do Rio de janeiro (Alerj). As transferências ocorriam sempre em até uma semana após o recebimento do salário.

Os advogados de Queiroz afirmaram em nota que os repasses de dinheiro seguiam a lógica de “centralização das despesas familiares na figura do pai”. A justificativa da defesa é no mínimo galhofeira, já que somente um desavisado seria capaz de acreditar em desculpa tão absurda e inverossímil.

 
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Os autos do inquérito do MP-RJ deixam evidente que a família se especializou na profusão de “fantasmas” como forma de alimentar um caixa 2 que foi abastecido inclusive pelo finado miliciano Adriano da Nóbrega, que conseguiu empregar no gabinete de Flávio Bolsonaro na Alerj a própria mãe e a ex-mulher.

Os investigadores descobriram também que Nathália suspendeu os repasses para a conta bancária de Fabrício Queiroz após o suposto vazamento, pela Polícia Federal, da Operação Furna da Onça, que levou a família Bolsonaro a exonerar todos os “funcionários fantasmas” lotados nos respectivos gabinetes parlamentares.

O fato de Nathália Queiroz não ter repassado, por via bancária, parte do salário à conta do pai não significa que a “personal trainer” não tenha sacado o dinheiro no caixa e entregue ao ex-assessor parlamentar, que em companhia da mulher, Márcia Aguiar, cumpre prisão domiciliar, com direito a monitoramento por tornezeleira eletrônica.

De acordo com a legislação em vigência, Jair Bolsonaro não pode ser investigado enquanto estiver na Presidência da República, mas o silêncio de integrantes da cúpula do governo diante dos desdobramentos do escândalo das “rachadinhas” sugere que há algo errado no reino do capitão.

Quando a Justiça avançar sobre a primeira-dama, Michelle Bolsonaro, que recebeu em sua conta R$ 89 mil depositados por Queiroz e Márcia Aguiar, talvez o presidente resolva deixar a trincheira da farsa. A conferir!

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