Bolsonaro usa o “canibalismo” político para tomar candidatura de Joice, apoiar Russomanno e “engessar” Dória

 
Logo após tomar posse como presidente da República, Jair Bolsonaro adotou o bordão “velha política”, que com o passar do tempo derreteu sob o calor da farsa palaciana. Sempre afirmando ser defensor da democracia, Bolsonaro, cuja trajetória política dispensa apresentações, não hesita em demonstrar seu viés autoritário quando algum interesse pessoal domina a cena.

Nesta segunda-feira (14), uma negociação espúria com o comando nacional do PSL veio à lume e estragou momentaneamente os planos de Bolsonaro, que insiste em não governar e se dedicar ao seu projeto de reeleição.

Bolsonaro, que ensaia um retorno ao PSL, depois de fracassar seu plano de criar o “Aliança pelo Brasil”, tenta convencer o presidente nacional da legenda a intervir no diretório paulistano para tomar a candidatura de Joice Hasselmann e declarar apoio a Celso Russomanno, candidato à prefeitura de São Paulo pelo Republicanos, que transformou-se em reduto de bolsonaristas.

A ideia de Bolsonaro é, na esteira de eventual de Russomanno, desembarcar politicamente na administração da maior cidade brasileira e construir uma trincheira contra a candidatura do governador João Dória Júnior (PSDB) à Presidência da República em 2022. Esse enxadrismo político-eleitoral capitaneado por Bolsonaro decorre da aliança partidária em torno da candidatura do prefeito Bruno Covas (PSDB), que tentará a reeleição.

Com a ajuda dedo governador paulista, Covas aglutinou na órbita de sua candidatura à reeleição ao menos sete partidos, entre eles o MDB e o Democratas, o que de certa forma alarga o caminho político de Dória em sua empreitada de concorrer ao Palácio do Planalto.

 
No escopo dessa ziguezagueante costura política está um plano para fazer do deputado federal Baleia Rossi (SP), presidente nacional do MDB, o sucessor de Rodrigo Maia no comando da Câmara. Essa estratégia tem alguma chance de vingar, pois é pequena a possibilidade de Maia conseguir alterar a Constituição Federal para permitir sua reeleição à presidência da Câmara dos Deputados. Por enquanto, o MDB tem garantida a vaga de vice na chapa de Covas – o candidato é o vereador Ricardo Nunes.

Rodrigo Maia nega essa composição, mas em política e futebol não se deve acreditar totalmente nas declarações dos respectivos protagonistas. Como forma de possível compensação, Maia poderia ser candidato a vice na chapa de João Dória na próxima corrida presidencial.

As negociações com o presidente nacional do PSL, Luciano Bivar, estavam avançadas, mas um sinal vermelho surgiu com um “escorregão digital” do deputado federal Eduardo Bolsonaro. O filho “03” do presidente da República publicou em rede social seu descontentamento com a intenção do deputado federal Antônio Nicoletti, que disputará a Prefeitura de Boa Vista (RR) pelo PSL por querer associar seu nome ao de Jair Bolsonaro.

O freio de mão da assessoria palaciana foi puxado imediatamente, pois há por parte do presidente da República a preocupação de associar seu nome a eventuais derrotados nas urnas. Se esse tema tira o sono de Bolsonaro, é melhor o presidente procurar outro candidato na capital paulista para “chamar de seu”. Afinal, Russomano tornou-se especialista em largadas de campanhas majoritárias, enquanto Joice é caloura.

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