Figura conhecida nas entranhas do poder, líder do governo na Câmara é alvo de busca e apreensão

(ABr)

 
Quando o presidente Jair Bolsonaro escolheu o deputado federal Ricardo Barros (PP-PR) para líder do governo na Câmara, o UCHO.INFO afirmou, em matéria publicada em 12 de agosto, que a indicação representava o que se conhece na política como “mais do mesmo” e traria problemas ao Palácio do Planalto.

Em seu sexto mandato como deputado federal, Barros é alvo de inúmeras investigações, muitas delas envolvendo suspeitas de corrupção e crimes correlatos. Mesmo assim, o líder do governo faz jus ao preceito constitucional da presunção da inocência. Contudo, para quem afirmou durante a última corrida presidencial que, se eleito, faria do combate à corrupção e da ética na política as bandeiras do governo, Bolsonaro é uma ode à mentira.

Esse movimento do presidente na direção da mesmice política ficou confirmado com a aliança firmada com o Centrão, grupo parlamentar que abriga diversos investigados por corrupção e outros crimes. Como Bolsonaro é alvo de diversos pedidos de impeachment, todos estacionados na escrivaninha do presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), a única forma de se blindar é voltar aos braços da “velha política”.

Em relação a Ricardo Barros, nesta quarta-feira (16) o Ministério Público do Paraná (MP-PR) cumpriu mandado de busca e apreensão no escritório do líder do governo em Maringá, no norte paranaense.

De acordo com o Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), a investigação mira fraudes na contratação de energia eólica e foi iniciada com base em informações de colaboração premiada no âmbito da Operação Lava-Jato e enviadas pelo Supremo Tribunal Federal (STF) em novembro de 2019.

 
As supostas fraudes, segundo os investigadores, teriam ocorrido entre o final de 2011 e o ano de 2014. Os crimes investigados são corrupção e lavagem de dinheiro. Policiais também cumpriram mandado de busca e apreensão contra Delmo Sérgio Vilhena, em São Paulo. O Gaeco quer esmiuçar a relação de Vilhena com Ricardo Barros e a esposa do parlamentar, Cida Borghetti, ex-governadora do Paraná.

Segundo informações da Polícia Civil, na casa de Vilhena foram encontradas notas fiscais de hotéis de Maringá em seu próprio nome e cadernos com anotações que remontam à época dos fatos investigados. Os policiais também apreenderam documentos, computadores e celulares.

Escândalo no Ministério da Saúde

Ricardo Barros tornou-se um “profissional” da política, tendo servido ao longo de sua trajetória parlamentar a diversos governos, independentemente da bandeira ideológica.

O atual líder do governo foi ministro da Saúde na gestão Temer, período em que esteve na proa do escândalo envolvendo a compra de L-asparaginase, medicamento usado no tratamento da Leucemia Linfoblástica Aguda (LLA), doença que atinge principalmente crianças. O fármaco, comercializado por um laboratório paraguaio, era produzido na China e não tinha eficácia comprovada pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).

Além desse preocupante detalhe, o tal laboratório, que não tinha sede no Paraguai, funcionava em um escritório de contabilidade localizado na Grande São Paulo. O UCHO.INFO noticiou o escândalo com absoluta exclusividade em 18 de janeiro de 2017 e insistiu durante meses a fio para que as autoridades brasileiras, em especial o então ministro Ricardo Barros, explicassem o caso que colocou em risco a saúde de milhares de pacientes.

Como o Brasil é o país da impunidade, até porque políticos continuam acreditando que estão acima da lei, o editor do UCHO.INFO foi ameaçado por representantes do laboratório paraguaio.

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