2020, ano do paradoxo

(*) Gisele Leite

O ano de 2020 é do paradoxo. Primeiro foram as máscaras que inicialmente que nem eram recomendadas logo no começo da pandemia. Depois, tornaram-se obrigatórias. Veio o isolamento social, o distanciamento social e o fechamento de shoppings e de serviços não essenciais, de escolas, clubes, cinemas e teatros.

Depois, começaram as aulas online e as famosas “lives” com professores, celebridades e pessoas comuns todas unidas no combate ao coronavírus.

Vieram, ainda, as entrevistas com os infectologistas, expuseram-se os protocolos sanitários e desenhou-se aos poucos alguma esperança no horizonte. Não existem protocolos sanitários unificados para todo país.

Mormente, são as escolas (particulares) e suas tentativas de retomada das atividades apesar de tamanha incerteza no mundo, que sem a vacinação em massa, experimenta novas ondas de transmissão do Covid-19. As escolas públicas continuam sem previsão de retorno de suas atividades. Tornando mais aguda as diferenças sociais e econômicas.

Enfim, em todo o mundo tudo mudou, as pessoas, os serviços, as necessidades, as prioridades e, principalmente, a política enredada pela pandemia. Nesse mesmo cenário contundente assanham-se os negacionistas e os ingênuos de plantão. É inútil, pois, só em nosso país já registramos mais de 136 mil óbitos.

E as informações sobre a transmissão entre crianças e adolescentes e profissionais da educação nos ambientes educacionais ainda são parcos e pouco esclarecedores. Estudos revelam que é possível a reinfecção e, mais, que mesmo os assintomáticos não privam de transmitir a doença.

Alguns no desespero de instaurar o “novo normal” pregam que a suspensão de atividades presenciais só deve ser mantida pelos locais que não puderem operar com segurança sanitária e não possuem outras alternativas. Instituindo-se o distanciamento social, limitação de pessoas, modificação de horários, uso de máscaras, álcool gel e estratégias de ventilação adequada.

Os peritos do INSS não retornaram por falta de segurança sanitária, num renovado e constante “imbroglio” com a gestão estatal brasileira. Na França, Alemanha e Espanha deu-se o surgimento de novos casos de Covid-19, principalmente, entre alunos. Portanto, é fundamentado e justificado o temor dos pais em encaminharem os filhos para as escolas.

No Reino Unido, a média de casos de infecção de Covid-19 ficou 3,3 mil somente na última semana, em patamar superior ao existente em maio deste ano. Ou seja, os países que retornaram as atividades escolares experimentaram aumento de contágio virótico rapidamente.

Afinal, as pesquisas científicas sérias indicam que crianças correm risco relativamente baixo para desenvolver casos graves da Covid-29, no entanto, indica que podem contaminar outras pessoas.

Os especialistas em saúde pública dos EUA apontam que o crescente número revela nova faceta da pandemia, isto é, que as faculdades e universidades se tornaram relevante ponto de transmissão do vírus, assim como os hospitais, clínicas e asilos logo no início do ano.

Há, no momento, cerca de seis vacinas em desenvolvimento contra o Covid-19, alguns sonham que ainda esse ano, já haverá disponível a vacinação.

Por outro lado, não podemos de reconhecer a importância do ensino presencial até porque a dependência prolongada de aprendizagem virtual poderá interromper o desenvolvimento educacional e social dos aprendizes.

Em novembro vindouro, ocorrerão as eleições municipais em todo o Brasil instaurando novos riscos de contaminação de Covid-19.

Enfim, o ano de 2020 é do paradoxo, envolto na densa atmosfera de incerteza, o governo brasileiro abandonou a educação no lado de fora de suas políticas de enfrentamento à pandemia. E para coroar a tragédia com fumaça e devastação, atualmente, o Pantanal, o cerrado e a Amazônia estão em franca degradação ambiental, sem que o governo de novo atue efetivamente na proteção de nosso patrimônio ecológico-ambiental.

(*) Gisele Leite – Mestre e Doutora em Direito, é professora universitária.

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