Após declaração homofóbica, ministro da Educação é alvo de críticas e pode responder perante o STF

 
O governo do presidente Jair Bolsonaro é uma ode ao absurdo. Não bastassem os desvarios do próprio chefe do Executivo federal, ministros e assessores não ficam atrás quando o assunto é intolerância.

Depois da irresponsável e fracassada incursão da ministra Damares Alves (da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos) para tentar impedir o aborto legal a que se submeteu uma menina de dez anos estuprada pelo tio, agora é a vez do titular da Educação, Milton Ribeiro, recorrer a intolerância e revelar sua essência homofóbica.

Em entrevista ao jornal “O Estado de S. Paulo”, Ribeiro atribuiu a homossexualidade de jovens a “famílias desajustadas”. “Acho que o adolescente que muitas vezes opta por andar no caminho do homossexualismo (sic) tem um contexto familiar muito próximo, basta fazer uma pesquisa. São famílias desajustadas, algumas”, disse o ministro. “Vejo menino de 12, 13 anos optando por ser gay, nunca esteve com uma mulher de fato, com um homem de fato e caminhar por aí. São questões de valores e princípios”, completou.

Por razões óbvias, a estapafúrdia declaração repercutiu negativamente, colocando o governo Bolsonaro mais uma vez contra a parede, pois é inaceitável que um ministro da Educação incentive a intolerância e o preconceito.

Em qualquer país minimente sério e com um governo responsável, Milton Ribeiro já estaria demitido e respondendo perante a Justiça por homofobia. Como o presidente da República cultiva deliberadamente a homofobia, até porque afirmou, em 2011, “prefiro que morra num acidente do que apareça com um bigodudo por aí”, o ministro da Educação continuará no cargo, com direito a cumprimentos da banda irracional do governo.

Na mesma entrevista à revista Playboy em que destilou sua conhecida intolerância em relação à homossexualidade e afirmou ser incapaz de amar um filho homossexual, Bolsonaro não se contentou e afirmou que ter um casal gay como vizinho desvaloriza os imóveis.

 
“Sim, desvaloriza! Se eles andarem de mão dada, derem beijinho, vai desvalorizar. Não sou obrigado a gostar de ninguém. Tenho que respeitar, mas, gostar, eu não gosto”, declarou Bolsonaro à época.

Ora, se o presidente disse que, mesmo não gostando de gays, precisa respeitá-los, o que não condiz com suas atitudes e declarações, o mínimo que se poderia esperar dele era a demissão sumária do ministro da Educação. Só não o fez, nem fará, porque não respeita os homossexuais.

Por conta da estúpida declaração que relacionou homossexualidade a “famílias desajustadas”, Milton Ribeiro é alvo da reação e da indignação de parlamentares, que querem que o ministro seja investigado pelo Supremo Tribunal Federal (STF) por homofobia.

O senador Fabiano Contarato (Rede-ES), que promete ir ao STF, reagiu à fala do ministro. Um ministro da Educação homofóbico, que violenta criminosamente os princípios de respeito e a igualdade entre as pessoas consagrados na Constituição. Meu repúdio absoluto a esse ataque preconceituoso, medieval e sórdido, que exige reação imediata das instituições democráticas!”, escreveu no Twitter

O senador capixaba foi além e disparou na rede social: “Estou entrando com representação no @STF_oficial para que a Corte determine ao Procurador-Geral da República que investigue o ministro da Educação por crime de homofobia. Entendimento do STF já equiparou a homofobia ao crime de racismo”.

O deputado federal David Miranda (PSOL-RJ), também usou a rede social para protestar contra o ministro da Educação. “Homossexualidade não é castigo nem crime. É uma forma de amar e se relacionar como qualquer outra! É requisito nesse governo de “desajustados” ser um criminoso homofóbico!”, escreveu.

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